MAM Rio apresenta a mostra “AQUI ESTAMOS”, de UÝRA

Diário Carioca
UÝRA - SUPERNOVA = foto Alonso Júnior

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) inaugura, no dia 11 de dezembro, a terceira exposição do programa Supernova, plataforma para a produção de arte contemporânea ao longo do território brasileiro. AQUI ESTAMOS, individual da artista visual indígena UÝRA, é um projeto concebido para o museu carioca, com curadoria de Beatriz Lemos. A mostra reúne múltiplas histórias de pessoas indígenas em diáspora pelo território nacional. 

Artista visual, pesquisadora, educadora e mestra em Ecologia nascida em Santarém (PA), UÝRA utiliza o corpo como suporte para narrar histórias de diferentes naturezas, por meio de performances e instalações. 

UÝRA é indígena em retomada, habitante da periferia de Manaus. Trabalha a partir de uma relação com o território para criar manifestações materiais de presenças indígenas, seja a partir de sua própria identidade ou de outras pessoas indígenas com as quais trabalha. Sua poética foca na procura da autoestima coletiva e da continuidade da vida, ressaltando a abundância de experiências dos parentes indígenas com o espaço, a memória e o tempo, estimulando encontros e a criação de vínculos. 

“Atuo principalmente criando imagens que refletem diferentes naturezas. Tanto a natureza que compreendemos enquanto indígenas — das coisas vivas em estado de liberdade (os bichos, a gente, o rio, o vento) –, quanto uma outra natureza estranha, das violências às quais somos continuamente submetidos e forçados a nos acostumar”, diz a artista que foi destaque da 34º Bienal de São Paulo, da Bienal Manifesta! e vencedora do Prêmio PIPA 2022.

De acordo com a curadora Beatriz Lemos, AQUI ESTAMOS lida com a diáspora indígena e a importância de um levante atual de pessoas racializadas que vivem em contextos urbanos e desconhecem suas descendências: “Ser indígena sem qualquer possibilidade de rastreamento de seu povo é o resultado de uma série de massacres sucessivos, de um genocídio colonial e um deslocamento forçado. Hoje, há um movimento de retomada e de resgate da identidade desses indivíduos que se entendem indígenas longe do contexto aldeado ou do contato com um povo específico. AQUI ESTAMOS tem a intenção de afirmar que os indígenas estão em todo lugar e não somente na floresta”, analisa a curadora.

“Primeiro nos levaram as terras, os territórios. Junto a isso, um etnocídio com o apagamento de nossas culturas, nos deixando com os corpos vivos e diferentes apelidos. Quando não sabemos quem somos, quando já não temos um território, quando já não temos a nossa cultura e perdemos a identidade, a colônia vence e nos leva tudo.” (UÝRA)

Resultado de um processo de pesquisa, contato e encontros realizados por UÝRA em várias regiões do Brasil, as obras apresentadas na exposição iniciam um trabalho de mapeamento e interconexão entre indígenas, principalmente em contextos urbanos, seguindo linhas de parentesco construídas desde a terra e de encontros possibilitados pelas águas. “AQUI ESTAMOS marca essa presença, que atravessa os tempos, de pessoas que vivem o constante apagamento histórico da colônia ao Estado brasileiro”, afirma UÝRA.

Entre os trabalhos apresentados está a instalação NOSSAS CARAS. São 44 rostos registrados pelo olhar da artista, com gestos, expressões e semblantes que apresentam subjetividades indígenas e representam milhões de outras faces no Brasil. 

NOSSAS HISTÓRIAS convida o público a se sentar em esteiras para escutar as vozes das pessoas fotografadas em NOSSAS CARAS, que narram suas próprias vidas. Os áudios revelam genealogias e relações que constituem o Brasil, também em sonhos e memórias. A oralidade oferece múltiplos contornos para a realidade indígena e estimula a permanência dessas histórias no mundo. 

Um percurso de folhas pela parede acompanhado por uma cronologia da diáspora indígena na Amazônia e as violências empregadas desde o período colonial até os dias de hoje, ao longo de 130 verbetes, compõem a obra NOSSOS RASTROS. O percurso das folhas, em linhas curvas e redemoinhos, ecoa um percurso adotado pelas formigas e conhecido como “espiral da morte”, em que os insetos encontram uma estratégia de sobrevivência a partir do reconhecimento entre pares. Essa imagem remete aos escapes realizados por pessoas e coletivos indígenas frente às armadilhas coloniais. 

Supernova é um programa do MAM Rio de exposições individuais, que já trouxe ao museu Ana Clara Tito e Sallisa Rosa.

Sobre o MAM Rio

A partir do tripé arte-cultura-educação, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro trabalha com a preservação, desenvolvimento e compartilhamento de práticas de criação e pensamento. O MAM Rio tem atualmente como patrocinadores estratégicos o Instituto Cultural Vale, a Ternium e a Petrobras através da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

O museu promove a criação artística e cultural como processo de formação de indivíduos e coletivos. Desde a sua fundação em 1948, atua como um importante agente, contribuindo com a movimentação social dos territórios da cidade por meio da cultura.

O acervo de cerca de 16 mil obras é uma das mais relevantes coleções de arte moderna e contemporânea da América Latina. O MAM Rio realizou exposições que marcam as expressões e linguagens das artes visuais até os dias de hoje, tendo abrigado desde sua criação importantes cenas artísticas brasileiras, como o Cinema Novo e o neoconcretismo.

O MAM Rio também conta com patrocínio da B3, Eletrobras Furnas, Livelo, Mattos Filho, BMA, Itaú, Taesa, Unipar, BTG Pactual, Gávea Investimentos, UBS, Wilson Sons, Aliansce Sonae, Becks, Credit Suisse, Icatu, MRS Logística S.A., Sherwin Williams, Verde Asset Management e Vinci Partners através da Lei Federal de Incentivo à Cultura; Enel e Vivo através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura – Lei do ICMS; Deloitte, XP Private, Adam Capital, Concremat, Globo e Multiterminais através da Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Lei do ISS RJ; Gafisa, Fundo Hees de Filantropia e Samambaia Filantropias.

SERVIÇO:

Programa Supernova: UÝRA | Aqui estamos

Abertura: 11 de dezembro de 2022

Encerramento: 02 de abril de 2023

MAM Rio

End: av. Infante Dom Henrique, 85

Aterro do Flamengo – Rio de Janeiro

Tel: (21) 3883-5600

Instagram: @mam.rio

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