De quatro em quatro anos, há quem veja as toalhas de mesa nos restaurantes e enxergue o uniforme da Croácia. Coisas da Copa do Mundo, que neste ano chegou cheia de trocadilhos, como “vai se Catar”. E no meio do deserto, poderiam ser camelos, mas o que se vê é uma fase de vacas magras para artilheiros e várias zebras. Argentina e Uruguai passando perrengue e a Alemanha, perdendo na estreia para a Arábia Saudita, mostram como o futebol desmoraliza as previsões sobre o futuro. Mas como falta melancia para tanta gente aparecida usar no pescoço, um usuário no TikTok apontou as duas seleções finalistas. Conhecido como “Viajante no Tempo da Copa do Mundo”, entre uma dancinha e outra, já acertou a final da Eurocopa de 2020. Para este ano, diz que a final será entre França e Brasil, com vitória verde e amarela.
Pode ser apenas um chute, mas comparando com notícias reais, dá até para acreditar nesses palpites. Nesta semana, “Papai Noel” foi visto em ônibus circular de Blumenau, Santa Catarina, provavelmente sentado em lugar reservado para idosos. Enquanto isso, um homem foi pego no flagra com a namorada, em Cuiabá, Mato Grosso, e fugiu sem roupa, sob tiros disparados pelo sogro. Graças à Polícia Militar, ninguém ficou ferido. E para provar que policial precisa ter “paciência de Jó”, um motorista de Campo Largo, Paraná, chamou a PM achando que seu carro havia sido furtado, mas na realidade tinha apenas esquecido onde o veículo estava estacionado. Por fim, o filho do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, foi preso por envolvimento na venda ilegal de cigarros. Dizem que o pai, na cadeia desde 2016, passou mal ao saber da notícia. Deve ter pensado, “onde ele aprendeu essas coisas”?
“O ópio do povo”
Em tempos difíceis, o futebol lava alma, mas mesmo nele é possível notar que as coisas andam meio fora do lugar. Por exemplo, a Suíça venceu Camarões com o gol de um… camaronês naturalizado suíço. E cometendo a proeza de citar Camarões e Lula em uma mesma frase que nada a ver com frutos do mar, por aqui, o presidente eleito segue mais discreto, ciente que “o peixe morre pela boca”. É como se diz no litoral, “camarão que dorme, a maré leva”, e na política isso serve para Lula… e os demais políticos também. Por isso, Arthur Lira (PP) segue firme para a reeleição na Câmara dos Deputados, com apoio do PT, enquanto caminha a PEC que deixa auxílios sociais fora do “Teto de Gastos” por quatro anos. Provavelmente, ela não será aprovada dessa forma, mas é da política pedir o ideal para colher o real, e como diz a sabedoria dos campinhos de várzea, “chute pro mato porque o jogo é de campeonato”!
Assim, de jogo em jogo, o tempo vai passando rápido rumo a 2023. Segue a guerra de teorias da conspiração e erros gramaticais nos aplicativos de mensagens, redes sociais e comentários de notícias, mas o uniforme da seleção vai voltando a ser apenas motivo de futebol. Política é fundamental, mas férias também. Por isso, a torcida é para que o Brasil vá o mais longe possível na Copa e, se vencer, que cada um levante a sua taça, copo ou garrafa. “Haja coração” para tudo o que brasileiro passou nos últimos tempos e comemorar é necessário. Pode-se acusar o futebol de ser “o ópio do povo”, mas só por um mês, que mal há nisso? Nesse caso, por exemplo, seria um golaço como o voleio do Richarlison o “pombo da paz”?