Série sobre nanismo no ‘Fantástico’ mostra os desafios e preconceitos encarados pelos portadores desta condição

Diário Carioca
Divulgação Globo

O nanismo é o tema da nova série liderada pelo médico Drauzio Varella, que estreia na noite deste domingo, no ‘Fantástico‘. Dividido em três partes,  o material vai mostrar os desafios que pessoas com essa condição enfrentam e como os avanços da medicina estão melhorando a qualidade de vida para as novas gerações. Outra abordagem presente nesta produção será sobre as iniciativas que estão sendo tomadas para combater o preconceito aos portadores da doença, a luta por uma melhor acessibilidade e a inclusão. 

”O nanismo é consequência de uma ação de genes que agem fazendo com que as cartilagens de crescimento se fechem antes. As cartilagens normalmente vão fazendo o crescimento dos ossos. Eles então nascem com uma estatura mais baixa e com algumas características anatômicas. Isso acontece por uma mutação genética. Existem vários tipos de mutações, e todas elas levam a este tipo de condição. A mais comum é chamada de acondroplasia. Cerca de 80% dos casos de nanismo ocorrem por causa dessa mutação. Além disso eles possuem outras características anatômicas. A cabeça é maior, os braços são mais curtos. As pernas também. Em geral o tronco tem dimensões normais e o rosto pode ter uma formação mais saliente”, explica o médico Drauzio Varella.

Outro objetivo deste material é esvaziar a teoria de que este problema comprometa também o desenvolvimento cognitivo, a inteligência da pessoa. A série se aprofunda também em situações que passam à margem da maior parte da sociedade. Por exemplo, a higiene pessoal. Muitos dos portadores desta condição possuem os membros mais curtos e não conseguem fazer a limpeza em determinadas partes de seus corpos. Nas escolas, as crianças com nanismo muitas vezes desenvolvem dores na coluna pelo fato de não conseguirem apoiar os pés no chão quando sentam na carteira, ficando horas uma posição desconfortável. Sem contar que muitos meninos e meninas com esta condição são vítimas de fetiches sexuais. “Muitas vezes a gente pensa que eles são só baixos e, na verdade, o problema é muito mais complexo do que isso. Existem outras questões no dia a dia que não só a baixa estatura, mas que a desproporção pode trazer”, explica o endocrinologista pediatra Paulo Solberg, ao longo do primeiro episódio.   

Apresentado por Maria Julia Coutinho – Poliana Abritta está de férias –, o ‘Fantástico’ deste domingo começa logo após o ‘Domingão com Huck’.

Bate-Bola – Drauzio Varella

O que mais surpreendeu você ao longo da produção deste material?

Eu aprendi muito com esta série. Só na hora em que você entra em contato com as pessoas que vivem aquela situação é que temos uma real ideia das limitações impostas por esta condição. Esse tipo de problema você só entra em contato quando passa a se aprofundar sobre ele, quando passa a ouvir. Nós não imaginamos os problemas que vivem essas pessoas. Por exemplo, um banheiro público. Eles não alcançam ou não conseguem subir num vaso sanitário muitas vezes. Em um ônibus, não conseguem subir o degrau para entrar no veículo. As escolas não estão preparadas. Uma criança com nanismo não alcança os objetos. Tudo na vida deles precisa ter uma adaptação para baixa estatura.  

É possível chegar a uma resposta sobre qual o maior obstáculo na vida de uma pessoa com nanismo, se é o preconceito da sociedade ou viver em um mundo que não é feito para o tamanho dela?

É difícil apontar isso, porque viver num mundo que não está adaptado para eles é muito complicado. Mas o preconceito talvez seja a pior parte. A pessoa começa a sentir quando é criança. Mesmo que tenha pais que resolvam esses problemas práticos, que adaptem a casa para eles, o olhar dos outros machuca muito. Chamam de anão, que é algo que eles não gostam. São pessoas que têm nanismo. Tem gente que fica de graça com eles, que dá risada, com história de anão de circo. 

Ao longo da série haverá a preocupação de descolar essa nomenclatura?

Vai sim. Uma das personagens fala isso. Não é um exagero ou um preciosismo. É uma condição que ela vive. A verdade é que as pessoas sofrem por causa dessas nomenclaturas, porque elas fazem parecer que são todos iguais. E não são.

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