Fernando Pellon lança seu novo álbum “Medula e osso” com Fátima Guedes e Moacyr Luz

Diário Carioca

Já está pronto o álbum “Medula e osso”, novo trabalho musical do compositor Fernando Pellon (https://fernandopellon.com.br/ ), gravado com a produção independente do próprio artista. O show de lançamento será no dia 28 de abril, às 19h, no Centro da Música Carioca Artur da Távola, na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro. Os arranjos e a direção musical são de Jayme Vignoli. O evento terá as participações especiais de Alice Passos, Andrea Dutra, Fátima Guedes, Marcos Sacramento, Mariana Baltar, Mariana Bernardes, Moacyr Luz e Rose Maia.

O disco já está rodando nas plataformas de streamings puxado pelo single “Suíno”, na voz da cantora Mariana Baltar. A faixa “Suíno (Piggy)” é uma letra de Fernando Pellon, musicada por Jayme Vignoli. Ela estabelece um diálogo poético com a música “Piggies”, composta por George Harrison e gravada pelos Beatles no “Álbum branco”. Sua letra foi traduzida por Carlos Drummond de Andrade, em março de 1969, a pedido dos editores da extinta revista Realidade.

Moacyr Luz considera Fernando Pellon um grande artista, e falou sobre o olhar que o compositor tem sobre o cotidiano da cidade. “Nós temos um olhar parecido em relação à cidade do Rio de Janeiro. Em especial, ao subúrbio, às mazelas, à cidade sendo consumida pela violência e a fome. Isso tudo me fez participar do disco do Pellon. Uma inovação, um samba rebuscado. Eu fiz (a gravação) com o maior prazer, e tenho a honra de estar participando desse trabalho”, declarou o sambista.

“Medula e osso” apresenta um repertório de dez canções inéditas de Fernando Pellon, e homenageia o poeta Décio Pignatari com quem o compositor tem identificação poética. “O disco é dedicado a Décio Pignatari: na geleia geral brasileira, alguém tem que ser medula e osso. Prossigo na busca pela solução poética, onde há tensão entre opostos de significado; a corrosão do arcaico com o uso de sua própria linguagem. Um sujeito de mau aspecto a vadear pelos jardins da cidade até suas ruínas. Caudais de lágrimas”, diz o compositor.

Em seu novo disco (o quarto da carreira do compositor), Fernando Pellon tem a companhia de intérpretes que já tiveram participações especiais em seus discos anteriores e novas parcerias. A cantora Alice Passos gravou com Mariana Baltar e Fernando Pellon a música “Um sujeito de mau aspecto (solidão do lobo), parceria de Fernando Pellon e Roberto Bozzetti. Mariana Bernardes interpreta “Canção de vadear” (Fernando Pellon). O sambista e compositor Moacyr Luz, uma das surpresas do disco, gravou o samba “Ruínas da cidade” (Fernando Pellon).

Quem também interpreta uma canção de Fernando Pellon pela primeira vez é a cantora Luísa Lacerda, que gravou o tango brasileiro “Via oral” (Fernando Pellon e Paulinho Lêmos). Interpretada pela cantora Mariana Baltar a música “Suíno” (Fernando Pellon), vai ser o single de lançamento do disco nas plataformas de streamings. Outra composição que merece atenção é “A tarde de um fauno” (Roberto Bozzetti e Fernando Pellon), contribuição modesta e moleque à parceria Mallarmé-Debussy, que ganhou a interpretação do cantor Marcos Sacramento.

A cantora Billie Holiday também será homenageada no disco, com a canção “Company of Nigthmares (Billie Holiday)”, composição de Fernando Pellon com o seu novo parceiro José Reinaldo Marques. A música foi gravada pela cantora Andrea Dutra. E Fernando Pellon aparece cantando em mais uma faixa do disco: a música “Álibi vulgar”, outra parceria dele com Paulinho Lêmos.

A penúltima música do disco é “Pelos jardins da cidade” (Roberto Bozzetti e Fernando Pellon), na voz da cantora Rose Maia, que também participou de outro disco de Fernando Pellon, “Moribundas vontades”, lançado em 2016.

Fátima Guedes reencontra Fernando Pellon em “Medula e osso”, onde gravou “Coisas do espírito” (Fernando Pellon). Ela que também já tinha participado do disco “Moribundas vontades” é grande admiradora do trabalho do compositor, cujo estilo poético ela compara ao do poeta Augusto dos Anjos. “É um poeta diferenciado, um novo gótico, um Augusto dos Anjos moderno. Serei sempre uma crooner muito feliz e curiosa dessa estética única do trabalho musical do Pellon”, disse a cantora.

Quem é Fernando Pellon?

Com um estilo muito peculiar de compor, Fernando Pellon deu início à sua carreira artística em 1974, aos 18 anos de idade. Apesar de não tocar nenhum instrumento musical, é autor de músicas que apresentam resultados melódicos inusitados. Dono de um raro talento poético-musical, foi citado por Aldir Blanc como um mestre da canção e um compositor “extraordinário”, cujas composições são “diferentes de tudo que rola por aí com máscara de muderno (sic)”.

A partir do final da década de 1970, até o início dos anos 80, participou do coletivo de compositores Malta D’Areia, sediado em Niterói, com o qual montou diversos espetáculos, entre os quais “João maus costumes” e “Onde é que cabe um circo” (musical infantil), além de produzir o curta-metragem “É Miquelina, minha mulher”.

O seu primeiro disco foi “Cadáver pega fogo durante o velório”. Produzido pelo jornalista e crítico musical Roberto Moura, o disco foi gravado em 1983 pelo selo independente Vento de Raio. Até o momento, é o trabalho de maior repercussão da sua carreira, tendo sido agraciado com o troféu Chiquinha Gonzaga (1983), da Associação dos Produtores Independentes de Discos (APID).

Lançado no período ditatorial brasileiro (1964-1985), “Cadáver pega fogo durante o velório” atravessou os sombrios e complicados desvãos da Censura Federal, com uma de suas faixas vetada.O veto foi derrubado no Conselho Superior de Cultura, em um longo processo que durou cerca de oito meses, com o apoio do pesquisador Ricardo Cravo Albin.

“Cadáver pega fogo durante o velório” faz parte da série on-line da Multimistura – Rádio UFMG Educativa (1983), como um dos quatro discos brasileiros “clássicos, importantes e influentes” de cada ano, a partir de 1965. Nesta seleção, Fernando Pellon aparece ao lado de Gang 90 & as Absurdettes, João Penca e Seus Miquinhos Amestrados e Ritchie. O resultado final do disco rendeu a Fernando Pellon inúmeras citações de admiradores e críticos musicais, em praças como São Paulo, Paraná e Minas Gerais.

Em 2010, Fernando Pellon voltou ao estúdio e gravou o CD “Aço frio de um punhal”, em nova produção independente. Aldir Blanc resumiu assim a proposta musical de Fernando Pellon: “Ele se move à vontade nesse universo de beleza infame. Na cama, no carro, no beco escuro, a carícia mais sincera às vezes vem no aço frio de um punhal”.

Em outubro de 2016, Fernando Pellon lançou o terceiro CD da sua carreira “Moribundas vontades”, em mais uma produção independente caprichada, com arranjos e direção musical de Jayme Vignoli. Trata-se do terceiro trabalho autoral do artista, que segue construindo um raro acervo musical.

Serviço:

Lançamento do álbum “Medula e osso”, de Fernando Pellon
Data: 28 de abril 2023
Local: Sala Paulo Moura do Centro da Música Carioca Artur da Távola, Rua Conde de Bonfim, nº 824, Tijuca, Rio de Janeiro. Telefone: (21)3238-3831.
Horário: 19h
Ingressos: R$30,00 (inteira) e R$15,00 (meia).
Pagamento: em dinheiro e Pix da Produção da Casa
Fotos: Daniel Lobo

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