Ceará: comunidade acadêmica inicia votação da consulta interna para escolha do reitor da UFC

Diário Carioca

Começou hoje (25) a consulta interna para a escolha dos ocupantes dos cargos de reitor e vice-reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e a comunidade acadêmica teme alguma manobra que possa beneficiar a chapa apoiada pelo atual reitor da UFC, Cândido Albuquerque, a exemplo do que aconteceu em 2019. Na época, o professor Custódio Almeida, candidato mais votado, com 7.772 votos, foi preterido em favor de Cândido, candidato alinhado ao ex-presidente Bolsonaro, que recebeu apenas 610 votos. 

Após a consulta interna que segue nesta quarta-feira, será elaborada uma lista tríplice pelo Conselho Universitário (Consuni), que, de acordo com o professor Cícero Miranda, diretor do Centro de Humanidades da UFC e um dos membros do Consuni, está esvaziado. Segundo o professor, a composição atual é “mantida artificialmente pelo atual gestor da UFC”, que dá posse ou reconduz representantes de forma irregular, desconsiderando atos e ritos processuais. “O estatuto da universidade prevê que cabe ao pleno do Consuni eleger os representantes conforme indicação das entidades. Duas pessoas foram indicadas por uma das conselheiras, mas Cândido Albuquerque desconsiderou o ato, ignorou as questões de ordem e afirmou que ele poderia reconduzir o representante anterior automaticamente, o que não é verdade”, conta Cícero.

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Disputam a reitoria, a chapa “UFC Viva e Democrática”, que tem como candidatos a reitor e vice-reitora, respectivamente, os professores Custódio Almeida e Diana Azevedo, e a chapa “Unir para Avançar”, apoiada por Cândido Albuquerque e encabeçada pela professora Elizabeth Daher, tendo como vice o pró-reitor de Planejamento, professor Almir Bittencourt.

Ainda de acordo com Cícero Miranda, foram reconduzidos de maneira irregular, representantes da área cultural, uma representante da extensão universitária e o representante da área empresarial. O Consuni também está sem dois representantes dos departamentos acadêmicos e um representante das coordenações de cursos de graduação.

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O silenciamento dos estudantes também é escancarado. Dos oito assentos destinados aos estudantes, nenhum está ocupado desde que Cândido Albuquerque decidiu não reconhecer a eleição realizada pelos discentes, em outubro de 2019, e comprometeu a representação estudantil. O caso foi parar na justiça com ganho de causa para os estudantes, mas o representante dos discentes na Comissão Eleitoral foi indicado por Cândido. “São fatos que nos levam a indagar, há alguma intenção de desconsiderar a consulta dos dias 25 e 26 de abril? O Consuni não vai respeitar a vontade da comunidade?”, questiona o professor. 

A maior preocupação da comunidade é com a democracia na UFC. Para a jornalista Kamila Fernandes, coordenadora do curso de jornalismo da Universidade, a consulta é um momento muito aguardado pela comunidade. “Há quatro anos tivemos nossa voz suprimida e a retomada da democracia na UFC significa ter de novo a chance de sentir que a universidade é um espaço público, um lugar de debates sem medo de perseguições. Queremos restabelecer esse sentimento de pertencimento e valorização em todas as instâncias para uma universidade mais inclusiva, igualitária e plural”, defende.

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Cândido Albuquerque (dir.) ao lado do ministro Abraham Weintraub (esq.) / Gabriel Jabur / Divulgação/MEC

Novamente candidato, o professor Custódio Almeida, do curso de Filosofia espera que a autonomia da Universidade seja respeitada. Ele também lamentou a falta de representação estudantil e de outras coordenações, o que segundo ele “fragiliza a democracia institucional”.  O professor está confiante na vitória e destaca as prioridades da sua gestão. Além do tripé Ensino, Pesquisa e Extensão, o candidato acredita que Assistência Estudantil e Gestão são eixos basilares para garantir participação e direitos. “Também é urgente a recuperação da estrutura física da universidade e a renovação dos equipamentos sucateados, com critérios bem definidos e transparência. É muito importante para nós o fortalecimento das relações interinstitucionais nacionais e internacionais e a atenção redobrada ao meio ambiente”, disse o professor.

O Brasil de Fato tentou contato com a candidata, professora Elizabeth Daher, mas não houve resposta. A chapa “Unir para Avançar” também não debateu as propostas com a comunidade acadêmica. Até o fechamento da matéria, o Brasil de Fato também não recebeu retorno do atual reitor da UFC, Cândido Albuquerque.

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Fonte: BdF Ceará

Edição: Francisco Barbosa

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