Moradores de Belo Horizonte realizaram, nessa terça-feira (25), um protesto contra o reajuste da tarifa de ônibus que, no último domingo (23), subiu de R$ 4,50 para R$ 6. O ato, organizado por movimentos populares, sindicais e estudantis, se iniciou às 18h na Praça Sete, região central da capital mineira. Os manifestantes caminharam pela Avenida Afonso Pena em direção à prefeitura municipal, onde, por volta das 20h, a manifestação foi encerrada.
Durante o protesto, manifestantes reivindicaram a revogação do reajuste de mais de 30% da tarifa de ônibus, questionaram a qualidade do serviço prestado pelas empresas privadas e pediram tarifa zero para o transporte público da capital mineira.
Como forma de simbolizar a indignação coletiva, os participantes colocaram fogo em uma catraca em frente à prefeitura. Durante o ato, os manifestantes entoavam gritos como “mãos ao alto, seis reais é um assalto” e “pula a catraca, estoura o tampão, passe livre no busão”. Confira:
Prejuízo para os jovens
A presidenta da Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas da Grande Belo Horizonte (Ames-BH) Beatriz Jovem destaca as dificuldades que o novo valor trará para a juventude e para os trabalhadores.
“O reajuste de 33% na passagem representa um encarecimento muito alto da vida. E hoje para o jovem é ainda pior, porque Belo Horizonte é a única capital do Sudeste que não tem passe livre”, afirma.
Beatriz ainda falou sobre a relação do reajuste com o descaso do poder público com a população. “A prefeitura faz repasses altíssimos para os empresários, não senta para conversar com a população e não oferece o mínimo, que é uma passagem a um preço justo e uma tarifa a um preço social”, aponta.
A quem o reajuste beneficia?
Após o aumento do preço da passagem, Belo Horizonte passou a ter a tarifa de ônibus mais cara do Brasil, ao lado de Porto Velho (RO), Curitiba (PR) e Florianópolis (SC). Francisco Maciel, presidente da Associação dos Usuários de Transportes Coletivos da Grande Belo Horizonte (AUTC) afirma que o reajuste foi uma imposição dos empresários e que não se justifica tecnicamente.
“Em menos de um ano, já teve uma transmissão de recursos da prefeitura de R$ 237 milhões, o governo federal transmitiu R$ 37 milhões para cobrir gratuidade de idoso e de pessoas com deficiência. A prefeitura comprou de forma antecipada R$ 220 milhões de vale transporte. Se não bastasse isso, [as empresas] retiraram cobrador e não diminuíram um centavo do preço da tarifa, o que significa uma economia de R$ 210 milhões de reais. Como que um setor desse pode estar em crise? Isso é uma mentira, uma falácia”, questiona.
Francisco também lembrou que houve uma diminuição na oferta de serviço de 3 mil ônibus para 2,4 mil e afirmou que o transporte funciona com superlotação e descumprimento de quadro de horário.
Após a manifestação, os organizadores avaliaram a ação de forma positiva. “Hoje foi apenas o primeiro ato e já está muito cheio. A gente está vendo uma vontade de todo mundo de crescer e de construir outros atos”, afirma Niaggo Barbosa, também da Ames BH.
Isabel Zerbinato, da União da Juventude Comunista (UJC), afirmou que os movimentos já se mobilizam para um próximo ato na sexta-feira. Segundo ela, o grande interesse dos movimentos é engajar a população na causa.
“O interesse é trazer essa pauta para que a população saiba o que está acontecendo e não caia nesse conto de que o povo precisa pagar o pato por esse mau gerenciamento das empresas de ônibus”, comenta.
O protesto desta sexta-feira (28) está marcado para às 18h, mas desta vez sairá da Prefeitura de Belo Horizonte.
Fonte: BdF Minas Gerais
Edição: Larissa Costa