Lara nasceu, às 9h30, num quarto à meia luz no Hospital Estadual da Mãe, em Mesquita, na Baixada Fluminense. O trabalho de parto da engenheira civil Fernanda Abreu, de 26 anos, foi embalado ao som de Lenine: “Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma, até quando o corpo pede um pouco mais de alma, a vida não para”, dizia a canção escolhida pela mãe, que buscou a maternidade da rede pública estadual para que a filha viesse ao mundo por meio do parto natural e humanizado. A unidade é considerada a principal referência no atendimento de gestantes do SUS com perfil de baixa e média complexidade na Baixada Fluminense.
– Minha filha nasceu comigo de cócoras e com meu marido segurando minha mão. Logo após o nascimento, a equipe médica colocou Lara em meus braços e fiquei em contato pele a pele com minha bebê. Sempre tive o sonho de ter um parto em que eu fosse a protagonista, com respeito à ciência e aos meus desejos. Foram momentos inesquecíveis – conta Fernanda Abreu, que fez o pré-natal pelo plano de saúde, mas optou por realizar o parto numa unidade da SES em busca do acolhimento oferecido às mães.
O Hospital Estadual da Mãe é recordista da rede em partos normais. Em 2022, mais do dobro dos nascimentos na unidade de saúde foram normais, 4.242 e outros 2.001 foram cesáreas. A unidade conta com uma equipe multidisciplinar composta por enfermeiras obstétricas, pediatras, assistentes sociais, fisioterapeutas, nutricionistas, dentistas, entre outros profissionais, que acompanham a paciente durante o pré-natal, parto e pós-parto.
– Temos nossos grupos educativos, que orientam sobre amamentação e apresentam o plano de parto, onde elas escolhem como será feito. Além de proporcionarmos uma visita guiada ao hospital que ela vai receber o bebezinho – disse Michele Castro, responsável técnica da obstetrícia do Hospital da Mãe.
Em 2022, mais de 14 mil bebês nasceram em hospitais e maternidades da Secretaria de Estado de Saúde do Rio (SES-RJ). Do total de partos, 7.587 foram normais (53,20%). Já em 2021, dos 15.136 recém-nascidos que vieram ao mundo nos hospitais da SES-RJ, 60,33% foram por via normal – número superou a média nacional para o ano, que foi de 42.99%.
O parto humanizado é uma determinação da Organização Mundial de Saúde que visa a melhorar a assistência no trabalho de parto, respeitando o tempo materno e do feto para o nascimento. Quando a gestante não apresenta complicações, o parto natural é um processo fisiológico e seguro, como explica a responsável técnica da obstetrícia do Hospital da Mãe, Michele Castro.
– No atendimento humanizado, temos nossos grupos educativos, que orientam sobre amamentação e apresentam o plano de parto, onde elas escolhem como será feito. Além de proporcionarmos uma visita guiada ao hospital que ela vai receber o bebezinho.
Humanização é direito garantido por lei
Lei que garante direitos ao parto humanizado foi sancionada pelo governador Cláudio Castro, em 2021. A norma assegura a presença de um acompanhante durante o trabalho de parto (parente e doula), cuidados respeitosos, além de boa comunicação entre mulheres e a equipe de saúde.
– Queremos garantir a qualidade do atendimento nesse momento importante para a vida da mulher, que é o nascimento do seu filho. Quando cuidamos e acolhemos essas mães estamos fazendo o mesmo por toda a família – disse o Governador Cláudio Castro.
O secretário de Estado de Saúde, Dr. Luizinho, enfatiza que o parto natural e humanizado é uma diretriz da secretaria nas unidades estaduais.
– O parto natural e humanizado tem como objetivo proporcionar uma experiência mais segura e acolhedora para a mãe em sua totalidade, ao ouvi-la e respeitá-la. Faz parte de um conjunto de procedimentos para dar assistência total à mulher nas nossas unidades – explica o secretário.
Em todo o Estado do Rio de Janeiro – incluindo partos realizados nas redes pública e privada, segundo o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), em 2021, 41.76% dos partos realizados foram normais, em 2022, 40.55%. Já no Brasil, nos hospitais da rede privada, apenas 18,24% dos partos realizados em 2021 foram vaginais, segundo o painel Indicadores da Atenção à Saúde Materna e Neonatal, da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).