Marcelo Camelo é o entrevistado da sessão Playground da edição de maio da revista ALFA. O cantor e compositor abriu o apartamento em que mora atualmente, no bairro de Pinheiros, para a equipe de reportagem, falou sobre o seu novo álbum, Toque Dela, e das suas impressões sobre a cidade de São Paulo. Carioca de Jacarepaguá, Camelo se diz mais incomodado com o assédio no Rio de Janeiro do que em São Paulo. “Uma vez perguntei a um fotógrafo por que ele clicava a gente num café. Ele mandou: ‘Você é uma figura pública’. Matutei: em que momento assinei o contrato dizendo ‘sou uma figura pública?” Em que guichê desfaço esse contrato?”. Sobre a cidade que adotou para viv er, ele se posiciona: “Aqui as pessoas são mais humanas, São Paulo não te neurotiza.” O cantor e compositor conta que o seu novo álbum – escancaradamente romântico – tem de tudo um pouco. “O disco é também sobre a cidade (São Paulo), o bairro de Pinheiros, este apartamento e a minha banda, que virou a minha família”. A voz da sua namorada, Mallu Magalhães, aparece apenas em um coro do novo álbum, mas ela está presente em esferas que não se podem ver. “O ambiente do disco é ela, o subtexto é todo ela. Por isso ela não precisa estar”, explica Camelo. Ele conta à revista que sonha montar uma banda com a companheira, com quem mora há dois anos e se derrete: “Quando agente toca junto, é superbonito. Ela toca muito bem piano. Faz músicas inacreditáveis, meio Satie com Chiquinha Gonzaga. Ela é sem explicaç&at ilde;o, faz uma música atrás da outra. É coisa mais linda do mundo, tenho um amor enorme de ver a Mallu compondo”. Na matéria, o cantor faz ainda uma reflexão sobre a polêmica que envolveu o projeto do blog de Maria Bethânia, que renderia 1,3 milhões de reais em renúncia fiscal via Lei Rouanet. Ele defende a liberdade do artista em realizar os seus projetos, mas levanta o questionamento: “Será certo o Estado arcar com 100% do valor? Filosoficamente, sou contra pedir dinheiro via Rouanet, sempre achei que a minha arte não é representativa o suficiente para ser financiada pelo Estado – essa grana tinha que ir para a educação, o artista que se vire sozinho”. Mas pondera. “Por outro lado, já quis tocar em Belém e não pude porque o preço das passagens para a banda seria proibitivo”.