A Prefeitura do Rio de Janeiro apresentou, nesta terça-feira (4/7), no Palácio da Cidade, os produtos inovadores aprovados na primeira fase do Sandbox.Rio, o ambiente regulatório experimental para testes de produtos, serviços e novos processos para trazer soluções tecnológicas e benefícios para a população carioca e a cidade. A iniciativa é da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação (SMDEIS).
O programa é inspirado nas melhores práticas regulatórias internacionais, com exemplos de sucesso na Inglaterra e na Coreia do Sul, além de experiências no Brasil, até então restritas ao setor financeiro, como as iniciativas do Banco Central, Comissão de Valores Mobiliários e Superintendência de Seguros Privados. A partir de agora, começarão os testes em áreas públicas dos produtos selecionados.
Desde o ano passado, a Prefeitura do Rio tem à sua disposição um instrumento de suporte à inovação e ao desenvolvimento econômico local que, a partir dos dados coletados ao longo da experiência, viabiliza o aperfeiçoamento de um marco regulatório mais receptivo às novas tecnologias. Também estimula a concepção de políticas públicas mais alinhadas à inovação no Rio, que se firma como uma cidade inteligente, modelo no Brasil.
– O Sandbox é a possibilidade, com segurança jurídica, para a população e empresas testarem novos serviços inovadores que possam ser implementados na cidade. Queremos ser a capital da inovação no país e aqui tem de ser o melhor lugar para que as empresas possam testar, corrigir e aprender, além de termos uma regulamentação melhor sobre as inovações inevitáveis que a cidade vai receber. É um projeto inovador que vai impactar a cidade agora, mas deixa também um legado a médio e longo prazo. O Sandbox.Rio é o primeiro projeto do tipo no país e temos muito orgulho de sairmos na frente mais uma vez – afirmou o secretário de Desenvolvimento Econômico, Chicão Bulhões.
Na primeira fase, quatro projetos foram selecionados após avaliação técnica segundo os critérios: grau de inovação; maturidade do empreendimento; impacto da tecnologia no município e à coletividade; imprescindibilidade do Sandbox para o desenvolvimento da solução; riscos do projeto e planejamento para mitigação; capacidade técnica da equipe; e sustentabilidade financeira do projeto.
Outras cidades já se inspiraram no Rio de Janeiro para implantar um projeto semelhante: Maceió, Goiânia, Criciúma, Teresópolis e Volta Redonda.
O movimento se alinha com a Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável e com a ideia da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de que sandboxes constituem uma boa prática para a construção de uma cidade.
Potência de investimento para empreendedores
Para os empreendedores, a iniciativa representa o potencial inédito de reduzir custos, tempo de maturação e barreiras de entrada das soluções inovadoras selecionadas no mercado, garantindo segurança jurídica e testagem em âmbito municipal com clientes reais. As empresas vão obter uma autorização temporária da Prefeitura para operar suas atividades, no prazo de 12 meses, em locais determinados, mediante flexibilização das regras e normativas aplicáveis, com o monitoramento da Prefeitura e órgãos competentes.
Para o cidadão, há a garantia de melhor convivência com a tecnologia introduzida e previamente validada na cidade, em ambiente controlado.
O programa não restringe temática de novos modelos de negócios exatamente para que a Prefeitura do Rio possa identificar e estimular o potencial de inovação a ser implementada e desenvolvida na cidade do Rio.
Com o objetivo de conferir maior transparência ativa e fomentar a inovação aberta, a Prefeitura tem disponibilizado, periodicamente, no site https://sandboxrio.com.br, todas as informações a respeito do processo de seleção (com o edital e anexos, a análise das propostas inscritas e o resultado das selecionadas), o andamento do Sandbox.Rio e a publicação de artigos da equipe técnica responsável pelo programa.
Conheça os projetos
AMBEV – Projeto Rio de Janeiro
A AMBEV vai trazer para a cidade do Rio drones que vão transportar bebidas para consumidores e Pontos de Vendas (PDVs) em locais controlados, a partir de uma parceria com a SpeedBird, que é a primeira empresa a obter o certificado de autorização de voo experimental (CAVE), expedido pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), para a realização de entregas, por meio de um de seus modelos de drone, o DLV1.
– Essa iniciativa do Sandbox é incrível para, de fato, ajudar a fomentar e desenvolver novas tecnologias. Estamos muito felizes em fazer parte, pois inovação faz muito sentido para nós da AMBEV. Então, todo esse apoio que temos por meio do Sandbox ajuda a entregar a melhoria da entrega via drone. Estamos com muita expectativa para o futuro – disse a diretora de Marketing da AMBEV, Mariana Rech.
A partir dos droneports, os drones vão operar com tempo máximo de voo para 120 metros, no período entre 8h e 18h, transportando cargas de até 6,5 kg, em velocidade média de 50 km/h. A previsão é que ocorram até 25 voos por dia, todos em áreas sem presença populacional – inicialmente a rota será do Centro de Distribuição da Ambev, em Jacarepaguá, para uma local na Barra da Tijuca, atrás do supermercado Freeway.
A iniciativa busca melhorar a malha logística do município, com economia de tempo na entrega de bebidas, bem como reduzir poluentes pelo uso elétrico de transporte. A SMDEIS ficará em diálogo constante com a ANAC e o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) para compartilhar dados obtidos ao longo da experimentação.
Os projetos do Sandbox.Rio estão tematicamente alinhados à mobilidade, logística e transformação energética.
Vibra/Ezvolt Brasil – Projeto Eletroposto Carioca
Em parceria com a Vibra, a Ezvolt Brasil, presente até então em condomínios e pontos comerciais, implantará o “Projeto Eletroposto Carioca” – uma rede de eletropostos com recarga rápida para veículos híbridos e elétricos, inclusive táxis, em pontos previamente definidos. Será o primeiro projeto de geração de créditos de carbono por meio da recarga de veículos elétricos da América Latina, o que se alinha com o Bolsa Verde e o Plano de Desenvolvimento Sustentável e Ação Climática do município.
– Acompanhamos atualmente a transição energética, os veículos estão mudando para os modelos elétricos e nós percebemos que a maior barreira para a entrada no mundo da mobilidade elétrica está relacionada aos locais em que as pessoas podem recarregar seus veículos. Esse projeto da Prefeitura é inovador porque traz para o ambiente público essa rede de recarga de veículos elétricos. Vamos proporcionar facilidade para o morador e para quem visita a cidade – disse o CEO da Ezvolt, Gustavo Tannure.
MyView – Robôs D4 in Rio
A empresa MyView, que já presta serviços para empresas e rede de supermercados, vai poder testar sua solução de delivery automatizado de comércios locais (restaurantes, mercados e outros) por drones terrestres teleoperados, chamados de robôs D4 (Door-to-Door Drone Delivery), que vão se locomover nas calçadas da cidade, em vias e horários previamente delimitados pela SMDEIS e demais órgãos competentes. Por meio de parcerias com comerciantes e dos Hubs D4 – locais de espera e carregamento dos robôs – a empresa pretende otimizar a logística do delivery de curta distância, reduzindo custos e tempo nas entregas, que são realizadas sem emissão de CO2.
– Com o Sandbox nós vamos testar como o ambiente urbano do Rio de Janeiro vai aceitar essa solução. O Rio é a primeira cidade em ambiente urbano em que vamos testar, até então só operamos em ambientes fechados, como dentro de condomínios – explicou o CEO da MyView, Thiago Calvet.
Embraer / EVE – Projeto EVTOL in Rio
A Eve, subsidiária de aeronaves elétricas da Embraer, se dedica a acelerar o ecossistema de mobilidade aérea urbana (UAM), com um projeto eVTOL (veículo elétrico de decolagem e pouso vertical) avançado, e está preparando os documentos legais para trabalhar junto da Prefeitura do Rio para participar do Sandbox e assim estudar a futura operação dos eVTOLS na cidade do Rio de Janeiro. O objetivo é o transporte de pessoas partindo e indo de/para aeroportos, voos panorâmicos – fomentando ainda mais o turismo –, como também o transporte de pessoas entre pontos estratégicos dentro da cidade do Rio. Por ser um veículo totalmente elétrico, esta iniciativa se alinha as ações do município em neutralizar as emissões de gases estufas próximas décadas.
– O Sandbox é fantástico porque estamos falando de um veículo que não voa hoje. As leis que hoje regem o espaço aéreo, assim como a infraestrutura física, precisam ser olhadas novamente e atualizadas. E o Sandbox é um momento fantástico para fazer isso. Com segurança, podemos olhar o que precisa ser mudado, flexibilizado ou modernizado para que os veículos possam entrar em operação e que sejam eficientes – declarou o vice-presidente de Serviços e Soluções de Operações da EVE, Luiz Mauad.
