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Na noite de ontem (6/7), aproximadamente 20 homens armados entraram violentamente no hospital de Médicos Sem Fronteiras (MSF) de Tabarre, na capital haitiana, Porto Príncipe, para retirar à força um paciente com ferimentos à bala que ainda estava na sala de cirurgia. MSF condena veementemente essa incursão, que demonstra mais uma vez o nível sem precedentes de violência em Porto Príncipe atualmente. Todas as atividades de tratamento de trauma e queimaduras no hospital de Tabarre estão atualmente suspensas devido ao incidente.
Na noite de 6 de julho, um paciente com ferimentos à bala chegou ao hospital e foi rapidamente internado devido à gravidade dos ferimentos. Enquanto ele ainda estava na sala de cirurgia, dois homens chegaram ao hospital, fingindo um quadro de emergência com risco de morte. Quando o portão do hospital foi aberto, cerca de vinte homens armados e mascarados invadiram a unidade de saúde para apreender o paciente ferido, que foi levado pelo grupo.
“Como nós, profissionais de saúde, podemos continuar prestando cuidados neste ambiente?”, disse Mahaman Bachard Iro, coordenador-geral dos projetos de MSF no Haiti. “Devemos, primeiro, entender o que aconteceu e dar algum descanso à nossa equipe médica afetada porque esses homens ameaçaram matá-los [os profissionais de saúde]. Por isso, decidimos suspender nossas atividades por enquanto, a fim de avaliar as condições para uma possível retomada”.
Uma série de incidentes de segurança que afetam as equipes médicas de MSF continua a desafiar a presença da organização e suas operações. A equipe médica, que trabalha diariamente para ajudar a salvar vidas, está perplexa com essa violência e com o desprezo demonstrado por esses grupos armados em relação aos profissionais de saúde.
Em outros lugares da região metropolitana de Porto Príncipe, MSF precisou fechar temporariamente o hospital Drouillard, em abril de 2022, fechar permanentemente as portas de seu centro de emergência em Martissant, em junho de 2021, e suspender o apoio ao hospital Raoul Pierre Louis em Carrefour, em janeiro de 2023, por razões de segurança.
MSF pede mais uma vez às várias partes envolvidas nos conflitos em Porto Príncipe que respeitem as instalações médicas para que possam continuar funcionando. MSF continua determinada a apoiar a população haitiana, as principais vítimas da grave deterioração da situação de segurança do país nos últimos anos. À exceção das atividades no hospital de Tabarre, MSF continua seus projetos médicos no Haiti.
Em 2022, as equipes de MSF no Haiti, em colaboração com o Ministério da Saúde, realizaram mais de 4.600 cirurgias, 34.200 consultas de emergência e 17.800 consultas em clínicas móveis. Os profissionais de MSF no país também trataram 2.600 pessoas com ferimentos a bala, 370 pessoas com queimaduras e 2.300 sobreviventes de violência sexual. Além disso, MSF forneceu atendimento durante 700 partos