NONADA ZN abre a segunda parte do processo de ocupação e criação das artistas Iah Bahia, Loren Minzú, Siwaju Lima no espaço da antiga fábrica de lingeries Marilan, na Penha, Rio de Janeiro. A exposição tem curadoria de Clarissa Diniz e é intitulada fragmento II: envoltórios reversíveis, ou além do que o horizonte circunda, propondo ser um desdobramento da mostra anterior, fragmento I: vento pórtico (abril-junho), sob a coordenação da mesma curadora.
As obras apresentadas são inéditas e foram integralmente produzidas na Fábrica, local onde as artistas instalaram seus ateliês desde março deste ano, experimentando um processo coletivo de convivência e trabalho criativo.
A exposição exibe uma mudança na abordagem na criação. Na definição da curadora, “No primeiro momento, trabalhamos com obras que concebidas como instrumentos de comunicação, com diversas formas de vida, transmitidas pelo ar, pelo vento, criando uma ideia de antena, entre outras coisas. Por sua vez, em fragmento II, investigamos como as obras de Iah Bahia, Loren Minzú e Siwaju Lima se aproximam de um vocabulário pontiagudo que as avizinha de ideias de arma ou armadilha, ao passo que também pensam estruturas que envolvem e protegem o corpo, lidando com ideias de armadura, proteção e feitiço”.
Alguns trabalhos abordam temas relacionados à armadura, defesa e contra-ataque, apresentando elementos pontiagudos e arame farpado, explorando a sensação de estar se defendendo de um outro corpo prestes a revidar. Como referências a armadilhas, uma instalação inédita de Loren Minzú suspende estacas oriundas da própria Fábrica e os buracos negros de Siwaju Lima, escavados no chão, propõem espacialidades misteriosas e potencialmente ameaçadoras. Por outro lado, Iah Bahia apresenta obras que dialogam com as geografias do corpo, produzindo envoltórios que funcionam como proteção e, ao mesmo tempo, desenho.
A exposição ocupa quatro espaços da Fábrica: a galeria, o galpão e os 2º e 3º andares do prédio central, onde as obras convivem com máquinas de costura e outros mobiliários industriais.
- os artistas
Iah Bahia (1993 São Gonçalo, RJ) – Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Iniciou sua formação em cursos livres na Escola de Artes Spectaculu e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (RJ). É formada no curso técnico em Design de Moda e, recentemente, ingressou em Artes Visuais-Escultura na Escola de Belas Artes da UFRJ (RJ). Em 2020, participou do programa de residência do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e em 2022 participou da residência formativa Elã, no Galpão Bela Maré (RJ).
Loren Minzú (1999, São Gonçalo, RJ) – Vive e trabalha entre São Gonçalo e Rio de Janeiro. Graduando em Artes pela Universidade Federal Fluminense, passou por instituições como Casa do Povo, (SP) e Parque Lage, (RJ) — onde compôs a turma de Formação e Deformação (2021). Em 2022, foi residente no programa Elã, do Galpão Bela Maré, (RJ). Nas exposições, destacam-se Rebu, no Parque Lage, (RJ), em 2021, Raio a Raio, organizada pelo Solar dos Abacaxis no pilotis do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2022), De montanhas submarinas o fogo faz ilhas, na Pivô (SP) em colaboração com a Kadist (2022) e In the Skeleton of The Stars, no Institut für Auslandsbeziehungen, (Stuttgart, Alemanha), em 2023. Também participou de mostras audiovisuais no Cine Bijou, (SP), Centro Petrobras de Cinema, (Niteroi, RJ) e na Cinemateca Nacional Dominicana (Santo Domingo).
Siwaju Lima (1997 São Paulo, SP) – Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Graduanda em Artes Visuais na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), é artista do ateliê de escultura da EAV Parque Lage (RJ), do Programa Formação e Deformação, e da Escola Livre de Artes do Galpão Bela Maré (RJ). Entre as exposições coletivas que participou em 2022, destacam-se Arte como trabalho, no Museu da História e da Cultura Negra, Idolatrada salve! Salve! (RJ), na Fábrica Bhering, Olha geral, no Instituto de artes da UERJ (RJ), e Ecologias do bem-viver, no Galpão Bela Maré (RJ).
- a curadora
Clarissa Diniz (1985 Recife, PE) – Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Curadora, pesquisadora, crítica de arte. Realiza pesquisas voltadas para a arte contemporânea, sobretudo questionando e expandindo noções de crítica, curadoria, circulação e do que é a arte brasileira. A questão social é tema presente em suas produções. Licenciatura em educação artística e artes plásticas pela Universidade Federal de Pernambuco (2008). Mestre em Artes pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2011). Integra o grupo curatorial do Museu de Arte do Rio (MAR), a convite de Paulo Herkenhoff, onde fica até 2018 realizando muito projetos de relevância para o segmento artístico. Nessa data passa a integrar, como professora, a equipe da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV Parque Lage). Em 2019, inicia o doutorado em sociologia e antropologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Como crítica de arte, se destaca pela escrita contundente e questionadora. Além da publicação de artigos, organiza e colabora com projetos editoriais. Entre eles: Crachá: Aspectos da Legitimação Artística (2008), acerca das dinâmicas de legitimação social existentes no campo da arte; e Crítica de Arte em Pernambuco: Escritos do Século XX (2012), coletânea que busca ampliar o sentido de “texto crítico” com base na prática crítica pernambucana. A crítica de arte aliada a práticas experimentais e a atividade curatorial colaborativa marcam sua trajetória profissional, em que colabora com o desenvolvimento e a consolidação da carreira de artistas e contribui ativamente com a pesquisa sobre arte contemporânea brasileira e sua circulação.
- a galeria
NONADA, um neologismo que remete ao não lugar e a não existência, também abre ‘Grande Sertão: Veredas’, de Guimarães Rosa e a união desses conceitos represente o pensamento basilar desse projeto. Como o próprio significado de NONADA diz, ela surge com o intuito de suprir lacunas momentâneas ou permanentes acerca de um novo conceito. A galeria, inclusiva e não sectária, enquanto agente promotor de encontros e descobertas com anseio pela experimentação, ilustra possibilidades de distanciar-se de rótulos enquanto amplia diálogos. “NONADA é um híbrido que pesquisa, acolhe, expõe e dialoga. Deixa de ser nada e passa a ser essência por acreditar que o mundo precisa de arte… e arte por si só já é lugar”, definem João Paulo, Ludwig, Luiz e Paulo.A NONADA mostrou-se necessária após a constatação, por seus criadores, da imensa quantidade de trabalhos de boa qualidade de artistas estranhos aos circuitos formais e que trabalham com os temas do hoje, sem receio nem temor em abordar temas políticos, identitários, de gênero ou qualquer outro assunto que esteja na agenda do dia; que seja importante no hoje. “Queremos apresentar de forma plural novos talentos, visões e força criativa”. O processo de maturação do projeto da NONADA foi orgânico e plural pois “abrangeu desde nossa experiência como também indicações de artistas, curadores, e de buscas onde fosse possível achar o que aguardava para ser descoberto”, diz Paulo Azeco.Ludwig Danielian acrescenta: “não queremos levantar bandeiras, rótulos, e sim valorizar a arte boa, que independe de estereótipos. Queremos ter esta proposta de galeria em Copacabana, bairro popular, e no subúrbio, na periferia do circuito de arte, para que se leve excelentes trabalhos a todos. Pretendemos promover discussões livres, contemporâneas, abertas, sem julgamentos prévios.”
SERVIÇO
Exposição: fragmento II: Envoltórios reversíveis, ou além do que o horizonte circunda
Artistas: Iah Bahia, Loren Minzú, Siwaju Lima
Curadoria: Clarissa Diniz
Abertura: 08 de julho – sábado – das 11 às 17hs
Período: de 08 de julho a 12 de agosto de 2023
Local: NONADA ZN – @nonada_nada
Endereço: Rua Conde de Agrolongo, 677, Penha, RJ
Dias e Horários de funcionamento: quinta e sexta, das 12h às 17h || sábado, das 11h às 15h
Técnicas: pintura, escultura, desenho, fotografia, objetos, instalação
Dimensões: variadas