Diagnóstico tardio e abandono de tratamento são principais causas de morte por HIV, alerta especialista

Diário Carioca

Dados do Ministério da Saúde estimam que cerca de 108 mil pessoas vivem com o vírus HIV em seu corpo e ainda não sabem, sendo a maioria jovens entre 15 e 24 anos. O diagnóstico tardio é um dos principais agravantes para a população que vive com HIV, como destaca a infectologista e professora da Universidade de Brasília (UnB), Juliana Lapa. “Hoje o problema dos nossos pacientes de HIV que morrem são por dois caminhos: ou diagnóstico tardio demais —  a pessoa descobre já doente, ou abandono de tratamento, são as pessoas que não têm constância. Esse é o grande problema do HIV no Brasil”, alertou.

Entre 1980 e junho de 2022, foram identificados 1.088.536 casos de Aids no Brasil, segundo a Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde. Na última semana, foram publicadas portarias anunciando que o SUS vai oferecer três novos medicamentos para tratamento de pessoas com HIV. São eles o Darunavir 800 mg, o Dolutegravir 5 mg e o Raltengravir 100 mg granulado.

O tratamento com a medicação recomendada ajuda a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico e interrompe a transmissão do vírus, como elucida a infectologista Juliana Lapa. “Tomar constante impede a replicação viral. E, além disso, hoje a gente já sabe que quem está tomando a medicação adequadamente para o HIV não está transmitindo o HIV. Quem atinge valores que a gente chama de indetectável está intransmissível, então também tem esse benefício para a sociedade, de a gente conseguir interromper o ciclo de transmissão”, afirmou.

Novos medicamentos Os antirretrovirais são fundamentais para aumentar o tempo e qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV e reduzir o número de internações e infecções por doenças oportunistas. Dentre os novos remédios disponíveis pelo SUS está o Darunavir 800 mg, que é destinado a pacientes vivendo com HIV, em falha virológica ao esquema de primeira linha e sem mutações que indiquem resistência ao fármaco. 

Os outros dois novos remédios são recomendados para crianças: o Dolutegravir 5 mg é indicado para tratamento complementar ou substituto em crianças de dois meses a seis anos de idade; e o Raltengravir 100 mg granulado é recomendado para profilaxia de transmissão vertical em crianças com alto risco de exposição ao HIV.

O infectologista Álvaro Costa, do Serviço de Extensão ao Atendimento de Pacientes com HIV do Hospital das Clínicas, fala da importância dos dois medicamentos destinados às crianças. “Essas formulações nessa posologia facilitam a adesão para as crianças que vivem com HIV. Então essas formulações que saíram, do Dolutengravir e do Raltengravir em granulação, são para utilizar para tratar esse estrato populacional. infelizmente, apesar de todos os avanços ainda tem crianças com diagnóstico de HIV. O Brasil tem melhorado, e muito, esses indicadores. Cada vez menos transmissão materno infantil, mas é importante se lembrar que existe um contingente de crianças que vivem com HIV no Brasil e que precisam ter boas ferramentas para tratamento”, ressaltou.

De acordo com as portarias publicadas, o Ministério da Saúde tem até 180 dias para efetivar a oferta dos medicamentos no SUS.
 

Share This Article
Follow:
Equipe de jornalistas, colaboradores e estagiários do Jornal DC - Diário Carioca