Israel convocou o embaixador belga no Estado sionista, Jean-Luc Bodson, para rechaçar uma declaração da ministra de Desenvolvimento Internacional da Bélgica, Caroline Gennez, sobre a limpeza étnica imposta contra o povo palestino. Em entrevista concedida ao jornal flamengo De Morgen, afirmou Gennez: “Nos territórios ocupados, por exemplo, a situação é insustentável. Aldeias palestinas inteiras são varridas do mapa por Israel. Os ciclos de violência são mais curtos do que antes, mas cada vez mais frequentes e intensos”. O governo israelense emitiu uma nota de repúdio ao Ministério de Relações Exteriores da Bélgica, ao rotular a fala da ministra como “injuriosa e difamatória”, expressão ecoada por seu embaixador em Bruxelas, Idit Rosenzweig Abu. A denúncia de Gennez se refere à escalada de soldados e colonos na Cisjordânia ocupada, onde atos como demolição de casas, apropriação de terras e transferência forçada traçam paralelos à Nakba (“catástrofe”), quando 750 mil palestinos foram expulsos de suas terras por milícias sionistas, em 1948. O fotojornalista Oren Ziv documentou o pogrom israelense na Cisjordânia em reportagem da rede +972 Magazine, divulgada nesta quinta-feira (31). LEIA: Palestino morre após ser baleado por soldados israelenses Ziv revelou que grandes áreas entre Ramallah e Jericó foram esvaziadas de seus habitantes palestinos mediante violência e expropriação de terras por colonos radicais, que agem sob escolta armada das forças da ocupação. Ao menos dez postos avançados ilegais foram estabelecidos na Cisjordânia ocupada nos últimos anos. Colonos hostis usam rebanhos como pretexto para invadir terras agrícolas palestinas e forçar a saída das comunidades ancestrais. Várias aldeias sofreram expurgo, causando uma nova onda de deslocamento. Ao corroborar denúncias de direitos humanos, Ziv relatou a escalada nos atos de agressão e intimidação. Com impunidade, grupos de colonos extremistas aterrorizam famílias, ao invadir casas, matar rebanhos, ameaçar crianças e destruir estruturas e propriedades. Desde a posse do atual gabinete de extrema-direita de Israel, no fim de 2022, as violações se intensificaram na Cisjordânia. Instituições de Estado – como exército, polícia e Administração Civil – abrem caminho ao expansionismo colonial. Estradas são fechadas; casas, demolidas; e terras, confiscadas, para dar lugar a colonos ilegais. LEIA: HRW confirma pico na morte de crianças palestinas por ações de Israel