Durante seu discurso na 78ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, o emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani, alertou que é “inaceitável que o povo palestino continue prisioneiro das arbitrariedades da ocupação israelense e de sua rejeição a qualquer solução política com base nos princípios de legitimidade internacional”. Seu discurso, nesta terça-feira (19), teve como enfoque questões regionais. “Temos de ter em mente que o fracasso internacional em agir contra a ocupação concedeu e continua a conceder oportunidades a Israel para sabotar os próprios alicerces da solução de dois Estados, via expansão dos assentamentos ilegais e crimes de apartheid em pleno século XXI e em plena luz do dia”, argumentou al-Thani. Anistia designa Israel como estado de apartheid [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]O governante catari reafirmou que seu país providencia assistência humanitária, político e econômica ao povo palestino, ao contribuir na reconstrução da Faixa de Gaza sitiada, após sucessivos bombardeios contra áreas civis por parte de Israel. O Catar mantém ainda doações à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA), além de fundamentos de justiça para tratar da matéria. Sobre o Líbano, al-Thani reforçou demandas para uma solução sustentável ao vácuo político, ao reafirmar: “É preciso estabelecer um governo capaz de responder às aspirações do povo libanês, para superar as crises econômicas e de desenvolvimento ainda vigentes”. Al-Thani denunciou também “injustiça grosseira” que assola o povo da Síria: “Não podemos aceitar isso. Esta crise permanece à espera de uma solução ampla por meio de um processo político que leve a uma transição política, conforme a primeira Declaração de Genebra e a Resolução 2254 do Conselho de Segurança, ao respeitar as aspirações populares enquanto mantém a integridade, soberania e independência da Síria”. LEIA: População síria está “totalmente desamparada”, diz especialista da ONU O Catar ofertou também seu “resoluto apoio” ao representante especial da secretaria-geral da ONU e ao chefe da missão de apoio na Líbia para conquistar “resultados tangíveis” sobre as crises no país. A Líbia é tomada por violência e caos desde a queda do longevo ditador Muammar Gaddafi, em 2011, por meio de uma revolução popular seguida por uma intervenção da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Recentemente, o leste do território norte-africano foi varrido por enchentes mortais devido à tempestade mediterrânea Daniel. Sobre o Iêmen, o emir catari defendeu o diálogo nacional, a iniciativa do Golfo e resoluções relevantes do Conselho de Segurança para superar conflitos entre rebeldes houthis e forças governistas aliadas à Arábia Saudita. Além disso, al-Thani reivindicou “combate ao racismo e incitação contra povos inteiros”, ao rechaçar queimas do Alcorão por extremistas na Europa, além de declarações xenofóbicas de políticos e autoridades. Para al-Thani, “não é razoável” que o mundo islâmico se distraia com ações de “indivíduos estúpidos e preconceituosos”. Ao acolher a normalização de relações entre Irã e Arábia Saudita, além de Egito e Turquia, al-Thani enfatizou a importância do “diálogo construtivo” em toda a região. “O caminho para resolver conflitos por vias pacíficas é longo e extenuante, mas não menos custoso que a guerra. Nosso compromisso continua a ser facilitar e conduzir esforços de paz com raízes profundas na política externa de nosso país”, concluiu al-Thani. LEIA: Lula se reúne com presidente da Palestina em Nova York