Médicos sudaneses advertiram que casos de cólera e dengue estão se propagando no país, devido à temporada de chuvas e ao impacto dos cinco meses de guerra sobre o sistema de saúde — já precário antes de eclodirem os confrontos. As informações são da agência de notícias Reuters. Autoridades sanitárias confirmaram os primeiros casos de cólera desde o início do conflito entre o exército regular e as Forças de Suporte Rápido (FSR), em meados de abril. O paciente zero foi detectado no estado de Al-Qadarif, no fim de agosto. Em comunicado emitido na terça-feira (26), o Ministério da Saúde reportou 18 óbitos e 265 infecções por cólera em Al-Qadarif. O Sindicato dos Médicos alertou ainda para 3.398 casos de dengue identificados nos estados de Al-Qadarif, Mar Vermelho, Cordofão do Norte e Cartum. “Os números são apenas a ponta do iceberg, muito menor do que os casos suspeitos entre pacientes não internados e mortos sem registro”, reiterou o comunicado. LEIA: Mais de 1.200 crianças morreram nos campos de Sudão desde maio, alerta ONU Entre as razões para o surto de doenças, está a poluição da água consumida pela população carente por corpos não sepultados e esgoto, além da falta de preparo dos serviços de saúde antes da temporada das chuvas. Residentes de Al-Qadarif, importante estado oriental por sua produção agrária e por dividir fronteiras com a Etiópia, disseram à Reuters que casos de dengue, cólera, malária e difteria estão se espalhado por falta de drenagem da água das chuvas e superlotação das instalações de saúde devido aos milhões de deslocados do conflito. Desde abril, dezenas de ataques foram documentados contra instalações de saúde. A grande maioria dos hospitais na capital Cartum está inoperante devido à guerra. Mais de 4.2 milhões de pessoas fugiram de suas casas devido à violência; quase 1.2 milhão atravessaram as fronteiras a países vizinhos. Esforços assistenciais nacionais e internacionais continuam severamente subfinanciados. Na última semana, a Organização das Nações Unidas (ONU) reportou a morte de ao menos 1.200 crianças com suspeita de sarampo e desnutrição nos campos de refugiados do estado de Nilo Branco, além de casos de cólera, dengue e malária por todo o país. A dengue é endêmica no Sudão. A reinfecção por agravar a fatalidade da doença, tornando sua contenção uma prioridade de longo-prazo. LEIA: Sudão: diplomata dos EUA descreve atrocidades como ‘uma reminiscência’ de Darfur 2004