Guerra em Israel: a Palestina quer ser o Irã ou Dubai?

Fernando Ringel
Comparativo entre Dubai nos Emirados Árabes Unidos e a Faixa de Gaza, na Palestina, bombardeada por Israel - Arte: Vanessa Neves

O jornalista palestino Mohammed Farra, 45 anos, cobria os bombardeios em Gaza quando descobriu que membros de sua família foram mortos em ataques do exército israelense. As informações são desencontradas, tendo o UOL reproduzido a versão mais aceita, de que as vítimas foram a filha e a esposa, enquanto o El País afirma que o ataque matou a irmã, cunhado e três sobrinhas do jornalista. Desencontros de um lugar que está sofrendo com cortes de água, eletricidade e internet.

Em qualquer uma das versões, o fato é que para pessoas como Mohammed, nada mudará a sua opinião sobre Israel daqui para frente. É um ciclo: as bombas israelenses multiplicam os homens-bomba palestinos e os atentados desses criam a necessidade do contra-ataque. No fim das contas, criou-se uma cultura de vingança que já dura 75 anos.

Nessas décadas, a palavra terrorismo passou a fazer parte do vocabulário mundial, popularizados por grupos como a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e Fatah, ligadas ao falecido Yasser Arafat, além de Setembro Negro, Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) e Jihad Islâmica. Muitos tentaram, mas onde isso levou?

Caso permaneça dirigindo a Faixa de Gaza, o objetivo do Hamas segue sendo a destruição de Israel. Caso um dia consigam, qual tipo de país seria a Palestina?

A Guerra Custa Caro

O Hamas é apoiado pelo Hezbollah, grupo libanês que recebe ajuda do Irã, país onde a política se mistura com religião. Como exemplo disso, após 28 dias em coma, morreu a estudante Armita Garawand, de 17 anos. Testemunhas afirmam que ela não estava usando o véu sobre a cabeça e por isso foi agredida por policias. 

Embora o governo negue, o mundo inteiro sabe que isso acontece por lá. Sendo assim, por que o Irã apoiaria o Hamas se não quisesse exatamente esse futuro para a Palestina? 

A única certeza é que o caminho do confronto não deu em lugar nenhum e que, gostando ou não, Israel é uma realidade. Resta a quem realmente deseja ajudar, o apoio à Autoridade Palestina, responsável pela Cisjordânia. Seu líder é Mahmoud Abbas, que não se trata exatamente de um amigo do ocidente, mas tem o respeito dos palestinos, é rival do Hamas e tem abertura para dialogar com todos os envolvidos sobre o futuro. 

Esse passo seria importante porque, antes além da guerra, existe a miséria que favorece a chegada de grupos extremistas ao poder. Tudo somado à precariedade do local, pela super população, que colabora para a multiplicação das mortes no conflito e a perpetuação do ódio. Afinal, se o Catar está apoiando Gaza na guerra, por que não ajuda-los a enriquecer em tempos de paz? Lembrando que Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, também fica por ali e, assim como Gaza, é só um pedaço de praia. 

A hora de um novo estado palestino é agora, que a pressão internacional está em cima, mas o único caminho para isso é esquecer o passado, aceitando a existência de Israel e contando com a ajuda do vizinho em troca da paz. 

Para os que se apegam aos sofrimentos do passado, como não tem as riquezas do Irã, um conflito prolongado pode levar os palestinos ao caminho do Afeganistão: miserável, fundamentalista e eternamente envolvido em guerras. Certamente isso não interessa nem mesmo aos israelenses. 

E o Brasil com isso?

Na última terça-feira, dia 31, terminou o mandato brasileiro na presidência do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). O saldo foi bom para a diplomacia do país, tendo a proposta para um corredor humanitário aprovada por todos os membros, mas vetada pelos Estados Unidos. No caso, eles alegam que Israel tem o direito de se defender porque o terrorismo também é um problema para os americanos.

Enfim, os donos do jogo tratam de seus interesses por meio da guerra dos outros e a coisa deve continuar emperrada em novembro. Como o Brasil foi substituído pela China na presidência do conselho, ninguém vai dar “colher de chá” para os asiáticos posarem de salvadores do mundo. Simples assim. 

Pior para os brasileiros que permanecem em Gaza e que, mesmo com avião da Força Aérea Brasileira (FAB) esperando, não conseguem cruzar a fronteira para o Egito ou Israel.

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Fernando Ringel é Jornalista e mestre em comunicação