20.8 C
Rio de Janeiro
domingo, novembro 24, 2024

Muhcab, no Rio, inicia projeto que sinaliza lugares de memória da presença de escravizados africanos no Brasil

CulturaMuhcab, no Rio, inicia projeto que sinaliza lugares de memória da presença de escravizados africanos no Brasil

O Ministério da Educação quer ampliar a política de letramento racial em todo o ensino básico brasileiro. Anunciou Cleber Santos Vieira, secretário de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Ele veio ao Rio representando o MEC no lançamento do projeto “Sinalização e Reconhecimento de Lugares de Memória dos Africanos Escravizados no Brasil”. A estreia foi na região conhecida como Pequena África, mais precisamente no Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), Gamboa, na manhã desta quinta-feira (30), encerrando as ações do Mês da Consciência Negra.

O projeto é do governo Federal – via Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, que visa a fixação de placas em cem lugares de memória dos africanos escravizados no Brasil comprovados por registro histórico. Além de Santos, estiveram presentes os ministros Silvio Almeida (Direitos Humanos) e Anielle Franco (Igualdade Racial), assim também como realizadores da ação, representando o BNDES e a UNESCO. 

A Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, resumiu a importância de se fortalecer a memória dessa parte da história no território carioca: “O que estamos fazendo aqui hoje, com sinalização e reconhecimento do Cais do Valongo, um dos mais importantes lugares da memória dos africanos escravizados do Brasil, é recuperar a história do país e descortinar essa visão que retira dos livros e dos monumentos públicos a contribuição de negros e negras para erguer a nação Brasileira”.

- Advertisement -

A anfitriã foi a secretária municipal de Cultura em exercício, Mariana Ribas, junto con a diretora do Muhcab, a autora Sinara Rúbia, que reconheceu as medidas assertivas celebrando não apenas a nossa história, mas também o compromisso com a construção de uma cidade antirracista. “Iniciativas que refletem um compromisso político e um esforço contínuo para uma cidade mais inclusiva.”

Desde a sua descoberta durante as obras do Porto Maravilha, o Cais do Valongo (vizinho ao Muhcab) se tornou um lugar de memória e, também, patrimônio mundial pela Unesco. 

“Com esta importante sinalização, conectamo-nos não apenas ao passado, mas também a um futuro onde a cidade e o país abraçam sua diversidade e uma história, até então, não contada de maneira legítima”, disse Sinara, apontando aos convidados um caminho de reconhecimento, valorização, memória, orgulho e reparações.

As indicações vão desde portos, igrejas, praças, terreiros de candomblé, quilombos, passando por lugares onde ocorreram movimentos de resistência, até manifestações culturais.

A ação está dividida em duas etapas, sendo a primeira a elaboração e fixação de placas alusivas ao reconhecimento feito pelo Programa Rotas dos Escravizados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A segunda fase será a disseminação do projeto por meio de plataformas digitais e a educação e cultura em direitos humanos.

A ideia é que sejam elaborados materiais pedagógicos e de apoio para professoras e professores para cumprimento da obrigatoriedade do estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena, prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).

“Mais que reconstruir o Brasil, precisamos fazer um Brasil que nunca existiu e essa formação, do país que merecemos, sonhamos e nos dá dignidade, só será possível se nós tivermos algo que é fundamental, que são as políticas de memória”, disse Silvio Almeida, à frente do MDHC, como principal agente deste lançamento.

Por falar nisso….

Em um ano no cargo, a ministra Anielle Franco já esteve, ao menos, três vezes no Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), onde aproveita a agenda para matar a saudade da amiga e colega de turma no curso de mestrado em Relações Étnico-Raciais do Cefet-RJ, Sinara Rúbia, hoje diretora do Muhcab, um dos 15 pontos na Pequena África. Elas estudaram juntas nos anos de 2019 e 20, em plena pandemia, e hoje, olha que bonito, trilham caminhos na política, num caminho de práticas e medidas antirracistas.

O Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab) é um museu de território e um dos 15 pontos de memória que compõem a Pequena África, na Região Portuária, localizado no Centro Cultural José Bonifácio, na Gamboa, no Rio de Janeiro (RJ). Conta a história da região que testemunhou o maior desembarque de africanos escravizados no mundo.

Check out our other content

Check out other tags:

Most Popular Articles