Moradores do Rio de Janeiro sofrem com estragos das chuvas e aguardam ajuda

Diário Carioca
Foto: Agência Brasil

DC- Rio de Janeiro, 20 de janeiro de 2024 – Uma semana após as fortes chuvas que atingiram o estado do Rio de Janeiro, deixando 12 pessoas mortas e milhares desalojadas, moradores ainda sofrem com os estragos e aguardam ajuda dos governos. A previsão de novas chuvas aumenta a preocupação.

O que você precisa saber:

  • Moradores de Belford Roxo, Zona Norte do Rio de Janeiro, improvisam para proteger pertences de novas enchentes.
  • Noemia Almeida Ferreira, de Belford Roxo, aguarda aprovação de cadastro para receber benefícios sociais.
  • Rosângela Rodrigues de Carvalho, da Zona Norte do Rio, pede soluções efetivas para evitar novas tragédias.
  • Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê chuvas fortes no fim de semana no Rio de Janeiro.

Corpo do texto:

Em Belford Roxo, um dos municípios mais atingidos, Norma Pereira pegou emprestadas mesas de bar para apoiar as coisas que restaram depois da enchente. “O que restou aí já deixamos tudo no alto, sobre a mesa”, diz. “Aquilo que eu pude eu estou deixando no alto. [Faço isso] porque se ela [a chuva] nos atingir de novo, a gente não perde muito que nem perdemos. A gente não esperava [o mau tempo]”, confessa.

Com as chuvas, ela ficou sem dois guarda-roupas, a cama, o armário de cozinha e um móvel da sala. “Tive que jogar fora. O sofá pegou um pouco d’água, mas fomos suspendendo ele [para que não molhasse mais]. Eu não posso jogar fora, né. Eu vou limpar e a gente já bota em uso”, diz a mulher, pedindo a Deus que não mande outra chuva. “Está sendo difícil. Tá difícil”.

A nora de Norma, Joice Coelho, mora um andar acima da sogra e não teve a casa afetada pelas chuvas, mas ela e o marido ficaram sem os equipamentos, refrigeradores e alimentos da lanchonete Trailer do Moisés.

“A gente ficou sem funcionar essa semana. Eu acabei a faxina ontem”, diz. Joice conta ainda que o marido precisou pegar um empréstimo para que eles consigam retomar ao menos algumas vendas. “A gente está tentando correr atrás para poder dar um levante porque essa chuva derrubou a gente legal”, revela.

Em busca de ajuda

Também em Belford Roxo, Noemia Almeida Ferreira aguarda a aprovação do cadastro que fez para receber benefícios sociais como o cartão Recomeçar, oferecido em parcela única pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do governo do estado do Rio.

A moradora de Belford Roxo conta que, nesta semana, conseguiu cestas básicas com a ajuda de uma igreja e recebeu também a doação de um colchão. Ela está dormindo com a filha em um sofá de dois lugares. A enchente alagou a casa e ela perdeu móveis e eletrodomésticos. Uma semana depois, como a casa e o chão ainda estão úmidos, ela não tem onde colocar o colchão que ganhou.

Com a previsão de novas chuvas, Noemia mantém as coisas em locais altos se houver um novo alagamento. “Eu não sei o que fazer, eu não tenho condições de sair daqui, porque até mesmo esse cômodo aqui minha mãe cedeu para mim porque eu não tinha onde ficar, é dela, ela está ali do lado”, garante.

Na Zona Norte do Rio de Janeiro, Rosângela Rodrigues de Carvalho tenta se recuperar tanto materialmente quanto emocionalmente de tudo que aconteceu no último fim de semana. Ela, que tem 65 anos e, por problemas no joelho, precisa usar uma bengala para se apoiar, deixou a casa às pressas, de madrugada.

“Foi um pavor, porque era meia-noite, eu tava dormindo, minha irmã me chamou. Quando eu fui ver, estava cheio de água, a geladeira caiu. Muita coisa. Tô emocionalmente abalada. Eu tenho problema de joelho. Aí, sumiu minha bengala, aí pedi socorro. A moça daquela igreja ali, da Assembleia de Deus, veio me apanhar, eu não desliguei o geral [chave geral de energia], podia ter um curto aqui”, recorda.

Rosângela está na casa de uma amiga. Ela diz que ainda não consegue voltar para casa e não quer reconstruí-la agora para perder tudo de novo. Ela pede aos governantes soluções efetivas para um melhor escoamento de água.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) a previsão é de chuvas fortes neste fim de semana no Rio de Janeiro. O mau tempo deve começar no fim da tarde deste sábado (20) e seguir até o início da manhã de domingo (21). Ainda não é possível precisar as regiões onde mais choverá.

O Inmet irá atualizar a página e lançar alertas à população pelo portal do instituto.

“Vai ser uma frente fria que está passando no oceano, vai se formar, e ela vai trazer essa convergência tanto de vento quanto de chuva volumosa. Então, a gente está esperando, realmente, nesse intervalo de tempo, chuvas mais volumosas”, informa o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet/Rio), Thiago Sousa.

Ele explica que, por conta de características típicas desta época do ano, não é possível fazer uma previsão exata com muita antecedência, mas assegura que a página do Inmet é constantemente atualizada.

Ajuda humanitária:

Diante da tragédia, diversas organizações não governamentais (ONGs) e órgãos governamentais se mobilizaram para prestar assistência às vítimas das chuvas. A Defesa Civil do Rio de Janeiro está atuando no resgate de pessoas ilhadas e na distribuição de alimentos e água potável.

A Cruz Vermelha montou abrigos temporários para abrigar os desalojados e está prestando atendimento médico. Já o Corpo de Bombeiros está atuando na limpeza das ruas e na retirada de entulhos.

O governo do estado do Rio de Janeiro também anunciou a liberação de R$ 100 milhões para o socorro às vítimas das chuvas. Os recursos serão utilizados para a compra de alimentos, água potável, colchões, cobertores e outros itens de primeira necessidade.

Além disso, o governo federal também se comprometeu a ajudar as vítimas da tragédia. O presidente Jair Bolsonaro sobrevoou as áreas afetadas pelas chuvas na segunda-feira (15) e anunciou a liberação de R$ 50 milhões para o auxílio às vítimas.

Lições da tragédia:

A tragédia das chuvas no Rio de Janeiro também serve como um alerta para a necessidade de se investir em prevenção. As fortes chuvas que atingiram o estado nos últimos dias expuseram a vulnerabilidade de muitas cidades, principalmente as que se encontram em áreas de risco de inundações.

É importante que as autoridades invistam em obras de infraestrutura, como a construção de canais de drenagem e a limpeza de rios e córregos. Além disso, é fundamental que a população seja consciente dos riscos de se morar em áreas de risco e que esteja preparada para enfrentar situações de emergência.

A tragédia das chuvas no Rio de Janeiro é uma triste realidade que precisa ser enfrentada com coragem e solidariedade. É preciso unir forças para ajudar as vítimas e, ao mesmo tempo, pensar em soluções para que tragédias como essa não voltem a acontecer.

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Equipe de jornalistas, colaboradores e estagiários do Jornal DC - Diário Carioca