O Itamaraty convocou o embaixador da Hungria em Brasília, Miklos Halmai, para se explicar sobre os dias em que escondeu o ex-presidente Jair Bolsonaro na sede do órgão diplomático.
A reunião, conduzida pela chefe do Ministério das Relações Exteriores que trata da Europa, Luisa Escorel, resultou em críticas à atuação do embaixador no episódio.
O que você precisa saber
- A convocação do embaixador é uma forma de pedir esclarecimentos e enviar uma mensagem ao governo húngaro sobre a ação.
- Halmai é suspeito de ter combinado explicações com a defesa do ex-presidente, e é identificado com as posições do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, de extrema-direita.
Reunião com o embaixador
A reunião com o embaixador durou cerca de 20 minutos, durante os quais Halmai permaneceu em silêncio, apenas ouvindo as reprimendas da diplomata brasileira. Fontes do serviço diplomático brasileiro afirmam que o embaixador é ideologicamente identificado com as posições do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, de extrema-direita, e consequentemente, com Jair Bolsonaro.
Intromissão em assuntos domésticos
O gesto do embaixador é visto pelo governo brasileiro como uma intromissão em assuntos domésticos, algo proibido nas regras diplomáticas. Essa não é a primeira vez que Halmai gera uma crise diplomática entre os países nos bastidores. Antes da hospedagem de Bolsonaro na embaixada, o Itamaraty já havia criticado a intromissão de autoridades de Budapeste em temas de política doméstica.
Apoio de Viktor Orban a Bolsonaro
Em fevereiro, Viktor Orban manifestou apoio a Bolsonaro após ele ser alvo da operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal, que apreendeu seu passaporte. O premiê húngaro havia feito uma publicação nas redes sociais manifestando apoio a Bolsonaro, o que também gerou tensões diplomáticas.
Repercussões do episódio
Após a revelação do episódio pelo New York Times, a Polícia Federal estuda pedir medidas cautelares contra o ex-presidente, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica, e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) avaliam pedir sua prisão preventiva. Bolsonaro alegou que faz visitas frequentes a embaixadores “para manter boas relações internacionais”.