Quando a Morte conta uma história devemos parar para ouvir. E a história que esta senhora nos conta é uma história de amor: dela por uma menina que escapa de seus braços durante o período mais turbulento do século XX e dessa mesma menina pelos livros. Essa é a espinha dorsal do romance, adaptado ao cinema, A Menina Que Roubava Livros.
Narrado de maneira bem humorada e em alguns momentos irônica, o livro mostra até que ponto o homem pode flertar com insanidade e a própria destruição. Durante a sua jornada, que começa no enterro do irmão de Liesel, a protagonista da narrativa, a Morte questiona o seu trabalho e a razão da guerra, segundo suas palavras “as pessoas acham que lhe agradam fazendo guerras e provocando a morte de milhares de pessoas, ela na verdade não gosta, porque aumenta seu trabalho.
E é enquanto recolhe a alma do garoto que ela se depara com a menina que roubava livros, encanta-se pela jovem e acompanha seus passos pelas ruas pobre de Munique até o fim da guerra. Eu poderia me alongar contando a história do livro, mas o que torna esta obra interessante é justamente o sentimento que falo no início desta coluna. É o seu amor pela menina que faz com que a Morte não a leve e testemunhe a sua sobrevivência numa época de crueldade e sofrimento.
O que desperta esse amor é justamente o de Liesel pelos livros. É um livro que a liga a memória do irmão morto e com eles que ela consegue não se deixar dominar pela histeria coletiva provocada por Hitler. Ao ver livros sendo queimados na praça principal, por exemplo, ela se arrisca a resgatar pelo menos um da fogueira. Ajudada por seu api adotivo, a moça aprende a ler e desenvolve um profundo amor pelas palavras e pelas histórias.
De modo que esse sentimento a leva a salvar a vida de um judeu que refugia-se na casa de seus pais de criação. São suas descrições peculiares do tempo, suas histórias e a leitura persistente que ajudam a essa vítima do regime nazista a sobreviver aos horrores do Holocausto.
Então essa é a mensagem do livro. O amor às palavras nos salvam. Salvam do isolamento, da loucura. Os livros nos salvam da ignorância de não conhecer o mundo a nossa volta e traz cor ao cotidiano muitas vezes duro. E essa é a dica da semana. Leia o livro, veja o filme e emocione-se com essa menina que roubava livros. Até semana que vem.
@kajotha