Um grupo de cientistas identificou vários lugares em Marte em que a erosão está deixando expostos depósitos de água congelada, que começam entre um e dois metros sob a superfície e se estendem a profundidades que podem superar os 100 metros, publicou nesta quinta-feira a revista especializada “Science”.
Em Marte, já foram identificados lugares nos quais existe água em estado sólido, mas ainda há muitas perguntas para responder sobre as camadas desse gelo, sua espessura, pureza e extensão. Além do gelo formado por água, em Marte existe gelo de dióxido de carbono devido às baixas temperaturas do planeta.
Um estudo liderado por Colin Dundas, do Centro de Ciências Astrogeológicas dos Estados Unidos, utilizou informações proporcionadas pela nave espacial Mars Reconnaissance Orbiter para localizar oito pontos do planeta onde a erosão criou encostas íngremes orientadas para os polos que deixam “à vista grandes quantidades de gelo” sob a superfície.
A análise desses locais revela que as fraturas e ângulos indicam que o gelo está bastante unido, e as camadas e variações de cor “sugerem que o gelo contém camadas definidas, o que poderia servir para compreender as mudanças climáticas em Marte ao longo do tempo”.
Os autores do estudo consideram que, já que existem poucas crateras nos locais estudados, o gelo “deve ter sido formado há relativamente pouco tempo”.
Além disso, algumas imagens feitas durante três anos marcianos – 2061 dias terrestres – revelam a existência de grandes fragmentos de rocha que caíram do gelo após a ocorrência de erosão, o que levou os pesquisadores a supor que a superfície congelada retrocede alguns milímetros a cada verão marciano.
Os cientistas consideram que é provável que o gelo próximo da superfície seja inclusive mais extenso do que o detectado neste estudo, e o mesmo poderia ser uma fonte de água útil para futuras missões no planeta.
EFE