Logo cedo, às 7 horas da manhã deste domingo (4), foliões já exibiam nas ruas do Rio de Janeiro a criatividade de suas fantasias. Na Lapa, entre os milhares que acordaram para seguir o bloco Cordão do Boitatá, era comum ver piratas, unicórnios, bruxos e índios. Mas houve também quem caprichou, apresentando ao longo trajeto vestimentas únicas.
Com camisa retrô do Botafogo, gel no cabelo e uma maquiagem na cara que incluía um bigodinho ralo, o jornalista Leonardo Cazes estava fantasiado de Heleno de Freitas, ex-jogador de futebol. Segundo ele, o craque dos anos 1940, que tinha fama de boêmio, tem tudo a ver com carnaval.
O folião conta que a escolha pelo bloco não foi aleatória. “Eu acompanho o Boitatá há anos e acho importante essa história de preocupação em promover um carnaval mais participativo, que pensa a relação com a cidade”, observa.
A originalidade também foi a marca da fantasia do publicitário Bruno Barreto Lino. Com um vestido e uma peruca, ele se apresentou como a sambista Alcione. “Eu posso parecer um pouco ela. É a musa”, justificou. Ele explicou sua opção pelo Boitatá para homenagear a cantora. “Acho que uma coisa fundamental é a qualidade musical do bloco”.
Enquanto Alcione estava retrata na fantasia de Bruno, diversos outros sambistas eram lembrados nos estandartes oficiais do bloco: Cartola, Chico Buarque, Pixinguinha e dona Ivone Lara eram alguns deles.
História invade as ruas da Lapa
“A música de carnaval do Brasil é maravilhosa e é recheada desses grandes mestres. Quando vamos para a rua, carregamos toda essa história”, conta o músico Kiko Horta, um dos fundadores do Cordão do Boitatá.
O bloco surgiu há 22 anos e o primeiro desfile teve como ponto de concentração os arcos da Lapa. Em 2000, os organizadores decidiram adotar como palco principal a Praça XV, com o objetivo de levantar a discussão sobre o processo de ocupação e revitalização do centro do Rio de Janeiro.
Além do cortejo realizado hoje, o Cordão do Boitatá também se apresenta no próximo domingo (11). Segundo Kiko Horta, será o tradicional baile multicultural na Praça XV. “É um bloco acústico formado por mais de 100 músicos, alguns de escolas de samba, de várias partes da cidade, profissionais e amadores”, disse ele.