O déficit primário das contas do governo para este ano deve chegar a R$ 151 bilhões. A previsão consta em levantamento divulgado nesta quinta-feira (14) pelo Ministério da Fazenda. De acordo com o balanço, conhecido com “Prisma Fiscal”, o resultado superou a última estimativa das instituições financeiras, que foi de R$ 138 bilhões.
O déficit primário ocorre quando as despesas do governo são maiores do que as receitas atribuídas a impostos e tributos em um ano. Apesar da alta, a expectativa segue abaixo da meta de déficit perseguida pelo governo, de R$ 159 bilhões.
Na avaliação do especialista em finanças Amir Khair, as despesas do governo estão relativamente controladas. A elevação do valor, segundo ele, está mesmo ligada à política de arrecadação.
“Não é que as despesas sejam crescentes, onde o governo vem perdendo é na arrecadação. A crise reduz a arrecadação dos governos, não só o governo federal, como também os governos estaduais e municipais. E o governo vem perdendo muito terreno nesse chamado déficit primário por conta de perda de arrecadação. Esse é o fato principal na questão fiscal que nós conseguimos ver todo mês nas contas do governo federal.”
Ainda segundo o especialista, a situação fiscal do governo poderia ser melhor se os projetos fossem voltados para a recuperação econômica.
“A questão de recuperar a receita pública está fundamentalmente em políticas que retomem o crescimento econômico. Infelizmente, o governo não optou por esse caminho. Ele optou pelo caminho de tentar segurar as despesas, e é difícil você segurar despesas num ambiente como esse que o governo está enfrentando já há alguns anos”.
Para o ano que vem, as instituições financeiras preveem déficit de R$ 117 bilhões. Em maio, a expectativa era de que o rombo chegasse a R$ 105 bilhões em 2019.
A pesquisa aponta ainda que a projeção das instituições financeiras para a dívida bruta do Governo Central é de 75,8% do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todas as riquezas produzidas no Brasil. Anteriormente, a previsão era de 75% do PIB. Em 2019, a taxa estimada passa dos 77% do PIB.
Reportagem, Marquezan Araújo