Curso Especial de Formação de Sargentos da PM deve ocorrer apenas em 2019

Diário Carioca

Há cinco anos, os praças da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) esperam a realização do Curso Especial de Formação de Sargentos (CEFS) para serem promovidos. A demanda da categoria é que esse atraso seja compensado logo este ano, mas o comando da corporação afirmou que o curso ocorrerá, a princípio, apenas em 2019. Nesta quarta-feira (20/06), a Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) realizou uma audiência para discutir o tema.

O deputado Bruno Dauaire (PRP), que integra a comissão, solicitou a audiência após receber da categoria a informação de que cerca de quatro mil praças estão inscritos para o CEFS, enquanto aproximadamente sete mil esperam o Curso de Aperfeiçoamento de Sargento (CAS). “Esses cursos não são nenhum favor, são um direito garantido aos policiais militares”, criticou.

Representando o Comando da Polícia Militar, o coronel Ricardo Faria, diretor-geral de Ensino e Instrução, afirmou que a corporação está estudando a possibilidade de realizar o CEFS este ano e confirmou a realização, em julho, da prova para o ingresso de 500 agentes no CAS. “Estamos revisando curso por curso. Esse atraso é um problema de anos que estamos lutando para resolver. A nossa intenção é dar fluidez à carreira de todos”, declarou. Ele não confirmou o número de agentes que aguardam os cursos.

As respostas do coronel Faria foram consideradas insuficientes pela presidente da Comissão de Segurança Pública, deputada Martha Rocha (PDT). “Dizer que o comando está se preparando é muito pouco”, criticou. Por isso, serão encaminhados à PMERJ ofícios solicitando um cronograma com a previsão de abertura dos cursos e questionando a possibilidade deles serem feitos à distância, como sugeriu um ouvinte da audiência. “Dessa forma, se perde um pouco a qualidade do ensino, mas já foi um instrumento utilizado em administrações anteriores”, avaliou Martha Rocha.

O lado dos agentes

Além de considerar o ensino a distância, o tenente Nilton da Silva, que compõe o grupo S.O.S. Polícia, acredita que a corporação poderia abrir o CAS para pelo menos dois mil candidatos. “Espero que o comando veja viabilidade em atender melhor essa demanda reprimida. Não adianta ter o planejamento para o ano que vem. Muda o governo e o comando e não há continuidade disso, como já ocorreu”, criticou.

Já o cabo Wagner Luiz apontou que foram realizados, nestes cinco anos, cursos voltados aos oficiais da PMERJ que custam mais caro e levam os agentes a viagens nacionais e internacionais. Em resposta, o coronel Faria afirmou que os cursos para oficiais também estão desatualizados.

Durante a audiência, alguns participantes citaram a existência de um decreto que estabelece que os cargos até segundo sargento não precisam da realização do curso para a promoção. Outro ponto abordado foi o da obrigatoriedade do Regime Adicional de Serviço (RAS) dos policiais, duramente criticada. A deputada Martha Rocha declarou que irá enviar um outro ofício à corporação pedindo esclarecimentos sobre o possível decreto e que realizará uma audiência pública sobre o RAS especificamente.

Mudanças na corporação

Questionado sobre os motivos que levaram a Polícia Militar a não realizar os cursos para a promoção dos praças, o coronel Faria afirmou que, por conta da troca do comando há três meses, não poderia esclarecer este ponto. Este argumento foi questionado pelo deputado Paulo Ramos (PDT), que integra a comissão. “A gente entende, mas com o tempo a pressão só aumenta, mesmo que quem esteja no comando tenha assumido há pouco”, argumentou.

Já o deputado Zito (PP) criticou a burocracia do sistema que atrapalha o crescimento dos agentes. “É tudo muito burocrático e isso demonstra a falência do nosso estado, que não consegue solucionar os problemas dessa categoria tão importante”, disse.

Share This Article
Follow:
Equipe de jornalistas, colaboradores e estagiários do Jornal DC - Diário Carioca