Estudo constata covid-19 em fezes de pacientes até 11 dias após fim de sintomas

Diário Carioca

Uma nota técnica do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) ETEs Sustentáveis, que se dedica a pesquisas e ações relacionadas ao tratamento de esgoto, lançou uma possível frente de combate ao vírus covid-19. Pesquisadores defendem que o monitoramento do esgoto pode ser estratégico para demonstrar o nível de contaminação no local.

A conclusão foi embasada em um trabalho publicado recentemente na revista científica Lancet Gastroenterol Hepatol, que constatou que pacientes contaminados pela covid-19 apresentaram em suas fezes o RNA do Sras-CoV-2, o novo coronavírus. Em metade dos casos, o RNA do vírus apareceu nas fezes por cerca de 11 dias após amostras do trato respiratório testarem negativo. O vírus aparece nas fezes também de pessoas contaminadas, mas sem sintomas.

O instituto relembra ainda que, em Amsterdã, na Holanda, o novo coronavírus foi detectado em amostras de esgoto do aeroporto de Schiphol, bem como em Estações de Tratamento de Esgoto das cidades de Kaatsheuvel e de Tilburg. Isso após duas semanas da confirmação do primeiro paciente com o vírus.

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Preocupação: 46% do esgoto não é tratado no Brasil

A situação social no Brasil agrava o problema. De acordo com os pesquisadores, enquanto a pandemia durar estaremos depositando enorme carga viral nos rios, já que apenas 46% do esgoto gerado no Brasil é tratado, pelos números do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2018.

Além de depositar o vírus no ambiente, há o perigo da contaminação comunitária através do uso das águas dos rios. Ainda segundo o SNIS, 35 milhões de brasileiros não têm acesso a água tratada. “Portanto, ações conjuntas e coordenadas dos profissionais da área da Saúde, do Saneamento, das universidades e dos governos são urgentes nesse cenário de emergência de Saúde Pública”, solicita a nota técnica.

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Possibilidade de diagnóstico

Essa é uma boa estratégia de detecção da presença da covid-19, na opinião dos pesquisadores. “É possível que essa ação nos permita identificar as regiões onde há maior ocorrência do vírus e, portanto, que mereceriam mais atenção por parte dos profissionais da área da saúde”, destaca a nota.

O instituto afirma que já iniciou conversas para começar o mapeamento epidemiológico do novo coronavírus, inicialmente na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O INCT planeja apresentar a ideia à Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). Uma reunião entre governo estadual de Minas Gerais e o instituo está marcada para 2 de abril.

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Fonte: BdF Minas Gerais

Edição: Joana Tavares


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