As unidades móveis funcionam temporariamente e recebem pessoas atingidas por situações de emergências e calamidades públicas
Publicado em
01/04/2020 14h37
Com a intenção de apoiar o sistema de saúde brasileiro, devido a pandemia do coronavírus, as Forças Armadas iniciaram as ações de coordenação e cooperação que envolvem Hospitais de Campanha Militares e Civis. Desde o dia 20 de março, a Marinha, o Exército e a Aeronáutica têm atuado conjuntamente em função da ativação do Centro de Operações Conjuntas (COC), situado no Ministério da Defesa (MD), em Brasília (DF), que está interligado a dez Comandos Conjuntos, distribuídos por todo o território nacional, para combater o surto de Covid-19.
A Comandante Cíntia Lobo, da Marinha do Brasil, explica que o Hospital de Campanha (H Cmp) é uma unidade hospitalar móvel, que temporariamente cuida de pessoas atingidas por situações de emergências e calamidades públicas. “Independente se o H Cmp é militar ou civil, oferta serviços de atenção à saúde, com apoio de equipes multiprofissionais, em atendimentos de urgência e emergência, atendimento ambulatorial, internações, remoções, realização de procedimentos cirúrgicos, exames laboratoriais e de imagem. O processo só é finalizado com as altas e as transferências dos pacientes”, explica.
Cada Hospital de Campanha pode apresentar diferentes aspectos em seus projetos e composições estruturais e organizacionais para atender às suas finalidades específicas nas atividades de saúde e pode ser construído também por civis, como está acontecendo em muitos estados brasileiros. As Forças Armadas já utilizaram Hospitais de Campanha em situações de enchentes, terremotos no Haiti e no Chile e está compartilhando a expertise com instituições para salvar vidas.
Na operacionalização do apoio de saúde, por meio do emprego do H Cmp militar ou civil, diversas ações devem ser planejadas, de forma geral, envolvendo três processos básicos: o atendimento, o apoio logístico e o apoio administrativo. Além dos protocolos assistenciais, deve ser estabelecido um fluxo de fornecimento de medicamentos, materiais e recolhimento dos resíduos sólidos.
Os H Cmp militares estão localizados no Rio de Janeiro, Recife e em Campo Grande. Esses hospitais foram criados para emprego em operações militares e humanitárias, pois possuem poucos leitos e precisariam ser adaptados às condições da presente pandemia. No caso da Covid-19, haja vista a possibilidade de elevada demanda e da limitada disponibilidade de H Cmp das Forças Armadas, o apoio será avaliado com especial cuidado pelo Ministério da Defesa.
Em Boa Vista (RR), embora chamado de Hospital de Campanha, as Forças Armadas montaram uma Área de Proteção e Cuidados para atender, a princípio, 80 brasileiros e venezuelanos com suspeita ou confirmação de coronavírus. Com a participação das agências da ONU, o local terá capacidade para 1.200 leitos hospitalares e mil leitos para pessoas infectadas ou com suspeita de infecção. Uma vez inaugurado, o espaço também servirá para atender brasileiros que vivem em comunidades fora de Boa Vista e não possuem local para ficar na capital de Roraima.
Já a prefeitura de Guarujá (SP) solicitou o hangar da Base Aérea de Santos para que seja transformado em um H Cmp civil. O local está sendo adaptado para atender a população brasileira. O comandante da Base Aérea de Santos, tenente-coronel Aviador Francisco José Formaggio, informou que haverá no local 50 leitos de internação e 20 leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) para atender casos mais graves. “É uma parceria inédita na região que busca salvar vidas. A empresa contratada pela Prefeitura do Guarujá é a mesma que está montando o Hospital Municipal de Campanha no Estádio do Pacaembu. A previsão é que a estrutura fique pronta até o final da primeira quinzena de abril”, comenta Formaggio.
Em cidades como Porto Alegre, Caxias do Sul, Criciúma, Rio Grande (RS), Florianópolis (SC), Curitiba (PR), Valinhos (SP), Campinas (SP) e outras, as Forças Armadas estão apoiando com a instalação de tendas de triagem para atender pacientes com sintomas gripais.
O diretor-técnico do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) de Porto Alegre, médico Francisco Zancan Paz, destaca que o apoio das Forças Armadas com a montagem das tendas, no atual momento foi importante e fundamental para receber todos os pacientes com sintomas da Covid-19 fora dos hospitais. “Vamos centralizar toda a triagem nos postos de atendimento montados. É fundamental que pessoas com sintomas não tenham contato com outros pacientes no hospital, evitando o colapso do serviço de emergência pelo acúmulo de suspeitos que não tenham gravidade. Desta forma, chegarão ao hospital apenas pacientes graves que realmente necessitam de cuidados”, explica Paz. O GHC é composto por quatro hospitais públicos.
Até o momento, a Operação Covid-19 envolve a participação de mais de 5,5 mil militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. Cerca de 660 viaturas, 53 embarcações, três aeronaves estão sendo empregadas pelos dez Comandos Conjuntos e pelo Comando Aeroespacial permanente.
Com informações do Ministério da Defesa