As reações à crise provocada pela pandemia do coronavírus tem colocado em evidência diferentes facetas da sociedade brasileira. Na última terça-feira (1º), em São Paulo (SP), a rede de restaurantes Madero anunciou a demissão de 600 trabalhadores. No mesmo dia, no Rio Grande do Sul, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) divulgou que doará 12 toneladas de arroz orgânico para ajudar a compor a cesta básica de pessoas em situação de vulnerabilidade.
Um dos sócios do Madero, Junior Durski, ganhou visibilidade por ter dito, no dia 23 de março, que o Brasil deveria desistir do isolamento social em nome da economia. Em sua justificativa, minimizou as mortes provocadas pela doença.
“O Brasil não pode parar dessa maneira, o Brasil não tem essa condição. As consequências serão muito maiores do que as pessoas que vão morrer por conta do coronavírus”, iniciou Durski. “Eu sei que temos que chorar e vamos chorar pelas pessoas que morreram por conta do coronavírus. Vamos isolar os idosos, aqueles com problemas de saúde, mas não podemos por conta de 5 mil pessoas que vão morrer… eu sei que é grave, que é um problema, mas o que é mais grave no Brasil é que ano passado morreram mais de 57 mil pessoas foram assassinadas no Brasil, mais de 6 mil por desnutrição, 5.400 de tuberculose”, completou.
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As declarações de Durski, que é sócio do apresentador Luciano Huck na rede Madero, está alinhada com os desejos de diversos empresários brasileiros, que buscam amparo no presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para impedir que o país respeite os especialistas do mundo inteiro e determine o isolamento social.
Na contramão da postura do dono do Madero, o MST demonstra preocupação com o bem estar da classe trabalhadora, a principal afetada pela crise imposta pela pandemia, explica Sidnei Santos, da direção estadual do movimento. “Essa doação expressa a solidariedade dos assentados, e isso significa repartir aquilo que temos.”
O MST tem sido um importante aliado na luta contra o coronavírus. Em Santa Catarina e no Paraná, agricultores do movimento produziram álcool 70% e distribuíram na rede pública de saúde.
Segundo o membro da direção nacional do movimento, João Pedro Stedile, toda a militância do MST foi orientada a seguir as recomendações de isolamento social, apresentadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “A nossa responsabilidade é política”, destacou.
A liderança do MST pediu união e paciência para que, após a crise do coronavírus, um novo rumo para o país volte a ser discutido. “Depois que passarmos a crise do vírus, vamos seguir. Vamos fazer assembleias, manifestações, passeatas, para discutir um novo rumo para o país, para, usando o ditado popular, fazer desse limão que é o vírus uma limonada. E nós aproveitamos para conscientizar mais o nosso povo, unir o nosso povo e praticar a solidariedade como um valor que congrega a sociedade”.
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Edição: Rodrigo Chagas