O Brasil decide no próximo dia 30 de outubro, em segundo turno, seu futuro presidente e também os próximos governadores em doze estados. E as atenções para o pleito que deverá decidir os próximos mandatários no país concentra as atenções não só da mídia e autoridades brasileiras, como também dos Estados Unidos. Para o governo norte-americano, independente de quem vença as eleições, o Brasil deve ser um importante parceiro nos próximos anos.
Segundo a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, o governo americano está monitorando com muito interesse as eleições e que os EUA confiam na força das instituições democráticas brasileiras, que o Brasil tem um histórico de eleições livres e justas, conduzidas com transparência e altos níveis de participação dos eleitores. Essa é pelo menos a visão oficial do governo, mas tem mais coisas em jogo, como por exemplo a influência da China na América do Sul e uma possível tentativa de ruptura de poderes em Brasília.
Para muitos políticos americanos os resultados das urnas no Brasil são fundamentais para saber qual será o papel do nosso país em suas relações diretas com a Casa Branca. Mesmo sendo países que competem em commodities, na venda por exemplo de soja ou carne bovina, os americanos enxergam com preocupação o avanço da China na compra de produtos brasileiros nesses últimos anos, o que para os americanos parece ser uma interferência em sua chamada zona de influência, que é a América do Sul.
A China é o principal parceiro comercial do Brasil desde 2009 e as relações comerciais entre os países têm se tornado cada vez mais intensas. Segundo dados do Ministério da Economia, no primeiro trimestre de 2021, em comparação com o mesmo período de 2020, o comércio entre os países cresceu 19,5%, e as exportações brasileiras para a China 28%. Os destaques das vendas brasileiras têm sido a soja, o petróleo e o minério de ferro. O Brasil é o principal produtor mundial de soja, seguido pelos Estados Unidos e a Argentina, que juntos concentram cerca de 80% da produção mundial. O que faz nesse ponto da balança o Brasil ser um concorrente comercial dos americanos. Ainda sobre a questão comercial, o crescimento desses números comerciais entre Brasil e China, aconteceu durante o atual governo brasileiro.
A questão política também incomoda os americanos, que estão atentos na questão de uma possível ruptura democrática, mesmo com as seguidas declarações do atual presidente colocando em xeque o sistema eleitoral, os americanos enxergam essa postura como um aceno ao que aconteceu com o fim do governo Trump, muitos políticos americanos enxergam o atual presidente como uma versão tropical do ex-presidente republicano, existe um certo temor por parte da classe política daqui, que o Brasil tenha problemas com extremistas, como foi no 6 de janeiro de 2021, mas a maioria acredita que independente do resultado das urnas, a ordem democrática será mantida. Eles enxergam semelhanças entre os candidatos do Brasil com as eleições americanas, mas não acreditam em nenhum tipo de ruptura democrática.
Para os americanos e até para outros países, o Brasil internacionalmente só terá a perder com qualquer tentativa de ruptura democrática e que os políticos brasileiros não irão querer pagar essa conta, de nenhum dos lados. Independentemente de quem vença as eleições, o governo norte-americano tem a plena convicção de que o Brasil será um grande jogador internacional nos próximos anos, com quem os EUA precisam trabalhar de forma conjunta, seja como um aliado continental, parceiro ou concorrente comercial.
*Leonardo Leão é especialista em direito internacional, advogado, fundador e CEO/consultor de imigração e negócios internacionais da Leão Group