Fogo na gasolina ou no preço dela?

Fernando Ringel
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Se este país não tivesse um sol para cada um de seus 203 milhões de brasileiros, segundo o Censo 2022, todo mundo teria começado a última terça-feira, 15, no escuro. As causas ainda estão sendo apuradas, mas ironicamente a falta de luz afetou todos os estados do Brasil, exceto Roraima, que constantemente sofre com deficiências no fornecimento de eletricidade. Segundo o ministro Alexandre Silveira, do Ministério de Minas e Energia (MME), o transtorno foi causado por uma sobrecarga no Ceará, que segundo os mais engraçadinhos, foi provocada por um dos acessos de fúria de Ciro Gomes. Falando sério, o ministro apontou também o registro do que chamou de “outro evento”, ocorrido em local ainda não identificado, e que teria contribuído para o apagão.

Enquanto uns acusam a privatização da Eletrobrás como motivo para a falha no fornecimento, houve também quem defendeu exatamente a privatização de mais distribuidoras para evitar falhas desse tipo. Aí fica difícil para o brasileiro chegar a alguma conclusão, não é? 

Para complicar, antes de serem resolvidos, os problemas no Brasil são substituídos por novos. Prova disso foi que, no dia seguinte ao apagão, começou a valer o reajuste de R$ 41 centavos no litro da gasolina e R$ 78 centavos no diesel! Antes de doer no bolso, dói na cabeça de qualquer um. 

A questão é que o governo deu uma segurada na variação do preço, para alegria geral, e agora a conta veio de uma vez. É aquela história de sempre: não existe almoço grátis, independente se o governo é de direita, esquerda ou centro. 

E você com isso?

No momento, isso vai provocar um aumento geral nos preços porque tudo precisa de transporte. São idas e vindas naturais na economia, mas que também sofrem influência de interesses políticos e que nem sempre ficam claras. Um exemplo disso foi o tal desentendimento entre Arthur Lira (PP), presidente da Câmara, e Fernando Haddad (PT), ministro da Fazenda, sobre a demora na votação do arcabouço fiscal. Até parece uma troca de farpas, mas todo mundo “jogou o verde para colher o maduro” e assim foi firmado o compromisso de que a proposta será votada na semana que vem.

É difícil digerir a avalanche de informações que se tem hoje na internet, sem falar em rádio, jornal e televisão, mas resta torcer para que, um dia, se compreenda que esses ajustes, como o preço na gasolina, são necessários. Não se trata de alguém ser bom, ruim ou qualquer outra coisa do tipo, mas apenas uma questão de raciocínio lógico. 

Preços sobem e descem, assim como o sol nasce e se põe. É parte da vida que as pessoas comemorem quando ganham e reclamem quando perdem, mas o fato é que o mundo gira e amanhã é sempre outro dia. Logo, os preços baixam enquanto novos problemas surgem. Coisas da vida.

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Fernando Ringel é Jornalista e mestre em comunicação