Ivanir dos Santos candidato a Senador: ‘Um abraço negro, um sorriso negro, traz felicidade’

Paulo Baia

Ivanir dos Santos, o professor universitário e babaloriwô, está presente na vida cotidiana da cidade do Rio de Janeiro, na vida diária do Estado do Rio de Janeiro, na vida do Brasil, há 50 anos, com uma militância e ativismo social, educacional e político ininterruptos. Diretamente ligado às populações marginalizadas, excluídas, subcidadãs. As populações abandonadas, as crianças de rua, a população de rua têm a presença de solidariedade ativa de Ivanir dos Santos.

Ivanir também é um ativista da cultura brasileira, da cultura das periferias, das vielas e favelas. Ivanir dos Santos destaca-se nestes 50 anos por sua firme luta contra o racismo e sua firme luta contra as todas as intolerâncias, sobretudo a intolerância contra as religiões de matriz africana praticadas pelos descendentes dos escravizados que para o Brasil foram extraditados do continente africano. Intolerância e discriminação com violência, que cresceu de maneira exponencial nos últimos 40 anos. Ivanir dos Santos foi um menino formado nas escolas da Funabem, herdeira do famigerado SAM (Serviço de Assistência aos Menores). O SAM era uma fábrica de maus tratos, discriminações e torturas. A Funabem foi reconfigurada com a transição da ditadura para a abertura democrática, no governo José Sarney. Ivanir dos Santos e Arlindenor Pedro de Souza fizeram seus estudos fundamentais e básicos nas escolas da Funabem.

Ivanir dos Santos também começa muito cedo a trabalhar como funcionário, como técnico, na própria Funabem. Ivanir dos Santos nunca foi um tipo de servidor burocrata, estritamente institucional, e em paralelo à vida profissional na Funabem, empreendia uma visceral luta contra o racismo, contra as intolerâncias, uma luta, visão e perspectiva a favor da população marginalizada e discriminada, que não deixaria de sê-las independentemente do final da ditadura militar. Essa característica de Ivanir dos Santos fez com que os partidos políticos reformulados em 1980 tentassem seduzi-lo para seus quadros de militantes ou dirigentes.

Ivanir dos Santos, já no início dos anos 1978/79, quando havia uma grande agitação de natureza política e institucional pró-democracia, colocava seu trabalho ao lado da “Não Cidadania”, dos subcidadãos e subcidadãs. A perspectiva de Ivanir dos Santos tinha uma amplitude larga e elástica, não apenas contra a ditadura militar. Era já uma luta efetivamente republicana e universal, bem ampla em teses, articulações sociais e populacionais, mais significativa por estar ao lado daqueles que, com ditadura ou sem ditadura, sofriam discriminações, perseguições, violências e mortes por assassinatos.

O nome Ivanir dos Santos é um estandarte em que está escrito “Liberdade”, “Compreensão”, “Acolhimento”, “Bondade”, ao mesmo tempo que significa também “Coragem”, “Firmeza”. Ivanir dos Santos significa, igualmente, sair da pequenez dos microgrupos políticos, ir na direção do pensamento da maioria da população, em uma trajetória efetivamente humanista e civilizatória não colonial. A trajetória de militância e ativismo de Ivanir dos Santos não é de um ativismo identitário excludente, particularizado; ele é um ativista surpreendentemente republicano. Ivanir dos Santos fez sua graduação em pedagogia em uma faculdade com uma proposta e experiência rara na cidade do Rio de Janeiro, a Faculdade São Judas Tadeu, em Ipanema, que reuniu um grupo de professores altamente esclarecidos, republicanos, qualificados e comprometidos com uma democracia social. Ivanir dos Santos teve a oportunidade e a Ivanir dos Santos será o candidato ao Senado federal pelo PDT para representar o Estado do Rio de Janeiro.

O cálculo é ético/político/ideológico, não é um cálculo eleitoral aritmético e algébrico para a legenda do PDT, é um cálculo de respeito à ancestralidade. Esse é o grande avanço no cálculo ético, político e ideológico do PDT, de Carlos Luppi, de Martha Rocha, de Miro Teixeira e de Rodrigo Neves. Aliás, não é um cálculo político-eleitoral. Sei disso pois sou um especialista em fazer cálculos político-eleitorais. Se fosse para competir pelo primeiro lugar, eu diria que o melhor seria uma campanha para estadual ou federal. Ivanir dos Santos é candidato ao Senado por um cálculo de natureza exclusivamente ética. O cálculo é de respeito à ancestralidade e às teses de dignidade, ao tempo presente e ao tempo futuro, das populações de crianças, velhos, homens, mulheres e todes marginalizados como cidadãos, é um cálculo de natureza universalista, é um cálculo de natureza civilizatória não COLONIAL, é o cálculo de vocalizar com amplitude o conjunto das lutas antirracistas, das lutas de combate à intolerância religiosa.

Ivanir dos Santos, vá em frente, defenda, se necessário com a vida e seu sangue, a todos nós. Nós pretos, pretas, negros, pardos, mestiços, pobres, suburbanos, favelados, precisamos muito de você e de gente como você. As coisas mais importantes com Ivanir dos Santos são o intercâmbio de ideias e teses. Tenho muitas divergências no agora e tive muitas divergências no passado com Ivanir dos Santos.A companhia e parceria dos muitos anos ao longo de nossas jornadas de 50 anos de ativismo, é saber, ter certeza, que nossas divergências, discordâncias, diferenças de duas pessoas que tem ideias próprias e diferentes, ao dialogar parem uma terceira ideia, de maneira dialética, ganham sinergia no pensamento e nas ações.Fazendo com que uma nova ideia, potência, ganhe vida e se torne informação para que nossa gente siga em frente com coragem, que se tornem parte “dessa brava gente brasileira”.Os brasileiros, as brasileiras de todos os matizes de cores, de todos os matizes religiosos, de todos os matizes urbanísticos e territoriais, têm em você, Ivanir dos Santos, um representante fiel, combativo e leal

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Paulo Baía - Sociólogo, cientista político, técnico em estatística e professor da UFRJ