O país inteiro ficou feliz ao saber que, finalmente, Lula foi para a ilha de Fidel. Mas para tristeza de metade da população, o presidente ficou por lá só alguns dias e já está de volta. Além de governar o Brasil e também ser o atual presidente do Mercossul, o petista foi participar do G77 + China, grupo que abrange mais de 130 países em desenvolvimento. Os mais engraçadinhos dizem que ele deveria ser presidente do G51, e que essa sim seria “uma boa ideia”.
Falando sério, além de muito discurso com o tema “a união faz a força”, pouca coisa ou nada se resolveu, mas é parte do trabalho. O presidente foi lá porque, na realidade, é um tipo de representante comercial do país e fazer contatos é necessário.
Por essas e outras, Lula seguiu para Nova Iorque, onde discursou na abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Por lá, defendeu a diminuição da desigualdade social, o fim da guerra na Ucrânia e aproveitou para enfatizar a necessidade da preservação do meio ambiente. Literalmente, “jogou o verde para colher o maduro”, fazendo tabela com o ministro Fernando Haddad, que publicou artigo no Financial Times sobre o “plano ambicioso e abrangente para a transformação ecológica” no Brasil.
Hora de pagar o boleto
Décadas de aviso não foram suficientes, mas a conta chegou e pode ser sentida na pele: em um inverno com recordes de calor, há um sol para cada um nesse verão que se aproxima. E a coisa não está só na chaminé das fábricas, a poluição está também no debate sobre a preservação.
Antes que alguém jogue toda a responsabilidade no pessoal que anda de terno e gravata, é necessário lembrar que os políticos vêm do povo e refletem a cultura geral, influenciada pela falta de informação.
O fato é que ecologia significa, pelo menos em um primeiro momento, andar alguns passos para trás em termos de empregos e conforto a que nos acostumamos. Nesse caso, os políticos seriam responsabilizados pela queda na qualidade de vida já nas próximas eleições, embora isso fosse bom para o meio ambiente no futuro. E aí, quem tem essa consciência? Quem está disposto a viver com menos conforto?
E foi assim que décadas se passaram, com o mundo gastando no crédito, e agora o desequilíbrio ecológico está aí, cobrando juros. Depois do terremoto na Turquia e Síria, em fevereiro, agora foi a vez do Marrocos, que no último dia 8, registrou mais de duas mil mortes. E ainda naquela parte do planeta, em Brena, litoral da Líbia, o excesso de chuva provocou o rompimento de uma represa e a morte de 11 mil pessoas, número pode chegar a 25 mil, levando em conta o número de pessoas desaparecidas.
A face humana na tragédia
Com o passar do tempo, a tendência é que termos abstratos como “desvio de dinheiro” e “corrupção” deixem de ser usados para discutir problemas reais. Na realidade, roubo e incompetência significam menos pontes, viadutos, ruas asfaltadas, escolas e hospitais. Nada além. E se um governo não tem como fazer novas construções, imagine então manter o que está ficando velho? Essa é a história por trás da represa que se rompeu, sem manutenção adequada, em meio a chuva torrencial que atingiu a Líbia. No caso, um país que após quatro décadas governada pelo ditador Muammar Kadafi, está em guerra civil desde 2011 e há anos tem dois governos, um oficial e outro que se sustenta por meio da força.
Eis um exemplo de caos que o colapso da política cria. Por isso, resta a cada pagador de impostos exigir que ela funcione, cobrando resultados, sob a pena de a desgraça cobrar a domicílio pela indiferença de cada um, o que pode vir sob a pena de crise econômica, ditadura, guerra ou desastre climático.