Silas Malafaia descobriu, sem muito esforço, o que virou clichê na boca da extrema direita. A tal história da narrativa, que eles repetem para qualquer situação. Tudo é narrativa.
Pois Malafaia tem uma narrativa e vem usando e abusando da sua descoberta, que pode ser usada de novo nesse domingo. Na aglomeração de Copacabana, pela manhã, ao lado do casal que tem Deus acima de tudo e o diabo ao redor e da nata da extrema direita, Malafaia dirá que não teme ser preso. É a sua narrativa.
Talvez não diga da mesma forma acintosa com que disse dia 25 de fevereiro na Avenida Paulista. Mas dirá, mesmo sem emitir uma frase a respeito, que está ali porque não teme Alexandre de Moraes.
Malafaia pode até nem citar o nome de Moraes, que ele gritou 16 vezes e com agressividade na Paulista. Mas estará se dirigindo a Moraes e dizendo: venha me prender, se for capaz.
Porque Malafaia tem que transmitir aos seus fiéis o sentimento de que Moraes pretende prendê-lo, mas não tem coragem para tanto. Malafaia precisa convencer seu rebanho evangélico e católico de que ninguém é capaz de detê-lo.
E que, se for preso, haverá uma revolta popular como só houve quando da morte de Getúlio Vargas em 1954. É o que Malafaia tenta transmitir aos seus fiéis e mesmo aos infiéis que já abandonaram suas rezas.
Malafaia tem agora o suporte de Elon Musk, o gângster que desafiou Moraes, em nome do bolsonarismo. O ato em Copacabana pode consagrá-lo como o fascista que mais blefa em cima de um trio elétrico.
Se não se referir diretamente a Moraes, se citar o ministro menos de 16 vezes, como fez na Paulista, e se abrandar o tom dos ataques, ficará marcado como covarde.
Silas Malafaia é o Chevettão da extrema direita evangélica, é o Edir Macedo rebaixado, com cinco caixas de som no bagageiro. Circula com a descarga aberta e faz muito barulho, mas sabe que é apenas um Chevettão.
Malafaia sabe que o Mercedes dos evangélicos não é ele, é Edir Macedo, e isso o incomoda e o reduz a ajudante de Bolsonaro. O Chevettão Malafaia irá se proteger nas falas de Elon Musk, para atacar pela voz do outro, e se acovardar hoje no Rio?