Meu caro amigo, me perdoe por favor

Fernando Ringel
O Amigo da Onça - Imagem Reprodução

“Se não lhe faço uma visita”. Seja na música de Chico Buarque ou no jornalismo, “mas como agora apareceu um portador, mando notícias nessa fita”, entre as mais importantes da semana, seguem os desdobramentos da investigação da Polícia Federal sobre possíveis desvios de dinheiro público em Alagoas.  Uma das suspeitas é que Luciano Cavalcante, assessor próximo ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), seja beneficiário de desvios na compra de kits robótica.

Funcionário em cargo de comissão, o até então desconhecido assessor foi exonerado. Pois é, o amigo perdeu o emprego, mas por via das dúvidas, para Lira, “antes só que mal acompanhado”

Não que seja um caso isolado porque Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, voltou a ser notícia. Envolvido na tentativa de retirada das joias da Arábia Saudita, além da novela sobre o cartão de vacinação do ex-presidente, agora a Polícia Federal encontrou em seu celular uma minuta para um suposto golpe de Estado. Será que ele fez tudo por conta própria? 

Mas isso não é de hoje, e nem de um partido específico: e os amigos do Lula que, em qualquer investigação, fazem tudo sem ele saber de nada? Vai ver todo esse pessoal são as amizades que o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (PROERD) tanto falava para evitar…

“Não foi só por 20 centavos”

Nessa semana, os primeiros protestos contra os gastos e mais gastos do governo Dilma para a Copa de 2014 completaram 10 anos. Na época, ficou famoso o slogan “não vai ter Copa”, assim como o tuíte da presidente: “vai ter Copa sim, e se reclamar vai ter duas”. Enfim, ela acertou, o evento realmente foi realizado e, acredite se quiser, apesar de ter obra daquela época que ainda não ficou pronta, já tem gente falando em outra Copa aqui, agora a feminina, em 2027! 

Aliás, nas falas para lá de enroladas da Dilma, a ex-presidente tinha o seu lado profético. Uma das mais famosas foi: “nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder”. Vejamos: ela acabaria impichada, Lula preso, Temer governaria sob fogo cerrado e também acabaria preso, Bolsonaro segue rumo à inelegibilidade, e acabou dando errado até para o pessoal da Lava Jato, como comprova a cassação de Deltan Dallagnol. Para o povo, 10 anos de aperto e apreensão, em que a coisa piorou até para vendedor de camisa da seleção, que perdeu metade de seus clientes. 

No final de tudo isso, fica a dúvida: se os amigos têm ideias tão ruins, imagina então se os políticos andassem com seus inimigos? Para todo brasileiro, resta evitar as más companhias e seguir em frente porque, assim como na música do Chico, “aqui na terra, tão jogando futebol, tem muito samba, muito choro e rock’n’roll. Uns dias chove, noutros dias bate sol. Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta, muita mutreta pra levar a situação, que a gente vai levando de teimoso e de pirraça, que a gente vai tomando porque também sem a cachaça, ninguém segura esse rojão”.

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Fernando Ringel é Jornalista e mestre em comunicação