Nada a ver com cinema, mas tudo com futebol. Dramática como nunca se viu nas Copas do Mundo, essa final poderia ser um filme. Empate no tempo normal, na prorrogação, e ao vencer a França apenas nos pênaltis, a Argentina chegou ao tricampeonato como no tango de Carlos Gardel, “por una cabeza”.
Seu primeiro mundial foi vencido em 1978, em casa, e o segundo, em 1986, com direito ao incrível gol de Maradona, driblando meio time da Inglaterra, e também a seu famoso gol de mão, que o camisa 10 disse ter feito “com la mano de Dios”. Foi longa a espera pelo terceiro título, que para os mais abusados, é o único conquistado em um país estrangeiro, com todos os gols argentinos feitos só com os pés. Para quem acredita, não houve a “mão de Deus”, mas os “hermanos” contaram com o Papa Francisco, fanático por futebol, abençoando o uniforme de sua seleção. Para o Santo Padre, seus fiéis e até mesmo os ateus, devotos apenas do futebol, entre a final no Catar e o primeiro jogo da próxima Copa, são 1268 dias de espera. E como a vida segue, haja boleto para pagar até lá.
A saideira
Enquanto a Colômbia teve aumento no número de meninos registrados com os nomes Messi, Mbappé e Neymar, em Brasília, câmeras flagraram uma escola sendo invadida por um ladrão só de calcinha. Seria por causa do calor? E o absurdo não para por aí: um homem foi pago para cometer um homicídio e acabou preso por atirar na pessoa errada, em Alto Paranaíba, Minas Gerais. Teve também o caso da mulher, da Zona Oeste do Rio de Janeiro, que chamou a polícia após ter a casa cercada por vizinhos, acusada de divulgar nas redes sociais as infidelidades do bairro. E vem da Ilha do Marajó, Pará, denúncia de alunos pedindo uma solução para o cachorro vira-lata, que teima em tomar água no bebedouro da escola. Isso, entre um e outro meme com as piores árvores de natal do ano, na semana em que a única certeza é o início do recesso parlamentar, dia 23.
Na política, quando a expectativa era a votação da “PEC da Transição”, Lula se viu livre do “Orçamento Secreto”. Grande vitória para o novo governo, que deixa de ter no presidente da Câmara, Arthur Lira, uma espécie de primeiro-ministro. Isso se tornou possível graças à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que também deixou o pagamento do “Bolsa Família” de fora do teto de gastos. Tudo, enquanto seguia a batalha pela aprovação da PEC, para só aí definir o orçamento de 2023, feito aos “45 do segundo tempo”, na base do “se alguém tiver algo contra, fale agora ou cale-se para sempre”. Como diria Galvão Bueno, “haja coração”!
Quem agradece é o futuro ministro da economia, Fernando Haddad, que deve ter sido “um bom menino” para ganhar esses presentões do Papai Noel. Entretanto, sua comemoração tem os olhos no futuro, mas sem perder de vista o passado. Tudo porque, em um país “cheio de Fernandos”, após o impeachment do seu xará, presidente Collor, assumiu Itamar Franco, que escolheu como ministro responsável pela economia, Fernando… Henrique Cardoso. Outro que não é economista, mas acabou se tornando o ”pai do Plano Real”, sendo eleito e reeleito presidente. A grande questão é ser conciliador, estar cercado de gente capacitada e, principalmente, ter verba para conseguir fazer o país caminhar. Enfim, dedos cruzados e feliz Natal.