PT leva nome do coordenador do Grupo Prerrogativas a Lula, para a Justiça

Denise Assis
Marco Aurélio de Carvalho (Foto: Divulgação)

A indicação do subprocurador-geral, Paulo Gustavo Gonet Branco, para comandar a Procuradoria-Geral da República (PGR), não foi digerida com facilidade nas hostes do PT. Apesar de todas as posições tomadas recentemente, como a que resultou na inelegibilidade do ex-presidente, não apagam de sua história vetos a pautas caras a uma ala significativa das esquerdas, como a dos familiares de desaparecidos políticos. Gonet votou contra pleitos das famílias de Carlos Lamarca, Carlos Marighella e de Zuzu Angel. Eles não esquecem. Também a indicação do atual ministro da Justiça, Flávio Dino, embora muito considerado dentro do partido, tira da linha de indicados para o STF um dos preferidos das bases petistas, o atual Advogado Geral da União, Jorge Messias.

Para compensar todas essas perdas, o partido se forma agora em torno do nome do coordenador do grupo Prerrogativas, Marco Aurélio de Carvalho, para ocupar a vaga no Ministério da Justiça.

Carvalho é um quadro do PT filiado há trinta anos, com interlocução com os movimentos sociais e excelente trânsito no mundo jurídico. Atuou contra o “mensalão”, e ao longo dos últimos anos tem estado na trincheira de resistência no combate aos abusos da Lava-Jato e na defesa de Lula em todo o período em que esteve preso. Seu nome veio espontaneamente pela militância e já foi levado ao presidente, que embora não tenha se posicionado por ninguém, não descartou a possibilidade.

Os indicados para os cargos anunciados hoje, por Lula, para o STF e a PGR ainda enfrentarão a sabatina no Senado.

Paulo Gonet já vinha despontando como favorito para a Procuradoria Geral da República, mas ganhou tração depois da votação da PEC que reduziu as ações do Supremo Tribunal Federal (STF), na última semana. Havia outros membros da carreira do Ministério Público Federal cotados, como Antônio Carlos Bigonha e Carlos Frederico Santos. Todos chegaram a ser recebidos pelo presidente. O episódio da votação da PEC, no entanto, apressou o anúncio, para apaziguar os ânimos entre o governo e os ministros do STF, simpáticos à sua escolha.

O subprocurador-geral Paulo Gonet atua desde julho de 2021 como vice-procurador-geral eleitoral, ou seja, representa o Ministério Público Eleitoral nos processos que tramitam no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Quanto a Flávio Dino, entrou em campo mesmo antes de sua posse, quando no dia 12 de dezembro foi a campo tomar atitudes para defender o governo que chegava, contra os atos terroristas que levaram pânico às avenidas da capital, no dia da diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foi eleito senador, nas eleições gerais de 2022, pelo PSB do Maranhão, para o Senado, mas não chegou a ocupar o cargo, escolhido que foi para o Ministério da Justiça.

Para o anúncio do novo ministro da Justiça, Lula deve aguardar o retorno da sua viagem à Arábia Saudita, para onde viaja hoje, com sua comitiva, a fim de participar em Riade, capital da Arábia Saudita, para “uma série de agendas de interesse nacional. Abertura de mercados e atração de investimentos, principalmente em energia renovável”, como descreveu em suas redes sociais.

Nesse meio tempo, o PT se organiza para consolidar a escolha do nome de Marco Aurélio de Carvalho – que ajudou a costurar a escolha de Geraldo Alckmin para vice, anúncio que foi feito em um jantar promovido por ele, em São Paulo. Levando-se em conta que o PT perdeu todas as indicações feitas a Lula no âmbito do judiciário, é possível que o nome de Marco Aurélio ganhe força. Pelo que se sabe, ele e o presidente se falaram hoje 27/11. Só não se sabe o teor do que foi dito. Por enquanto, só especulações

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Jornalista. Passou pelos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora-pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" e "Imaculada", membro do Jornalistas pela Democracia