Antes do ano de 2014 acabar tive a oportunidade de ler dois livros que me tocaram profundamente não por sua complexidade e sim pela forma singela e peculiar com que trata dos dramas cotidianos. O primeiro falarei nessa coluna e dá título a ela, uma obra singela, despretensiosa e que trata de maneira doce o amor: amor aos livros, amor a vida e amor ao seu cotidiano. então vamos a ela, A Vida do Livreiro A. J. Fikry. Então vamos a primeira coluna do ano.
O livro foi lançado em 2014 e, confesso, baixei o livro pela capa, ou melhor, pelo título. vi na livraria, não sabia nada sobre a autora (como ainda não sei, não fui procurar para não influenciar minha leitura), achei o título e a sinopse interessantes pela sua simplicidade e me aventurei. É maravilhoso. Uma daquelas gratas surpresas que só a literatura pode nos proporcionar.
O enredo é bem simples, gira em torno da vida de A. J. Fikry, dono da Island Books, única livraria de uma pequena ilha cujo letreiro diz: Nenhum homem é uma ilha. Todo livro é um mundo. A partir da visita da visita de uma vendedora de uma editora fornecedora da livraria, acompanhamos a vida do Sr. Fikry. Viúvo, solitário e que numa noite encontra em sua loja uma criança de dois anos abandonada. Daí em diante temos o cotidiano desse homem que se torna pai solteiro dessa menina de grande inteligência, sua convivência com seus poucos amigos – o delegado de polícia, que se torna um leitor por conta dessa amizade; sua ex-cunhada, irmã de sua finada esposa e o marido dela, um escritor de um único sucesso e que passa os dias a traí-la. aparentemente uma trama banal e até chata, mas não é. Veremos por quê.
Antes de mais nada, temos personagens muito interessantes e carismáticos. O livreiro, um homem sério, duro que é rude no seu primeiro encontro com a vendedora e tem fama de pessoa difícil, vai se mostrando como alguém sensível, culto, que dedica um amor incondicional à sua filha adotiva e que se mostra um homem apaixonado e devotado à medida que se percebe interessado pela jovem que veio lhe apresentar um catálogo. O seu amor pelos livros também salta aos olhos ao se mostrar como alguém que não apenas vende, mas entende do assunto, alguém que lê e estimula os outros a fazerem conseguindo transferir o seu amor a eles.
Os personagens secundários que povoam a ilha também tem traços interessantes. a irmã amargurada com seu casamento infeliz que acaba encontrando sua felicidade nos braços do delegado, após a morte do marido (sim, é um spoiler. Não, não vai estragar a leitura!), que por sua vez é um homem solitário e que nutre durante anos um amor escondido por ela e que ocupa seu tempo mantendo um clube de leitura com outros policiais da cidade.
E a jovenzinha brilhante que é deixada para ser cuidada num ambiente de livros e descobre o amor paterno e o sentido de família ao lado de seu pai adotivo e sua madrasta, a jovem vendedora que, depois de três anos é conquistada e se casa com Fikry.
Um livro simples que trata de amor. Amor aos livros, principalmente. Todos os personagens têm uma ligação de carinho e sua história pessoal de alguma forma os têm como elemento principal. Todos de uma forma ou de outra são seduzidos por esses objetos tão amado e odiados na mesma medida e de alguma forma, de maneira bastante peculiar mantém se unidos também através dele.
É, para mim pelo menos, uma obra que faz uma declaração ao ato de ler, uma dedicatória ao que os textos fazem de positivo em nossas vidas e corações, mostra como podemos enfrentar a vida e encarar todas as adversidades se soubermos ler nas entrelinhas e encontrar a leitura certa para cada momento em que vivemos. Por isso quis começar o ano com uma obra que fala de livros e de como somos tocados por ele e vou ficando por aqui. Até a próxima.