Na Argentina, o Dia Internacional de Luta das Mulheres reuniu militantes em todas as províncias do país. Na capital, coletivos feministas, organizações e militantes do movimento Ni Una Menos se reuniram em torno do Congresso Nacional.
O pedido de reforma judicial feminista foi uma das principais demandas do 8M no país. O estopim foi o caso de feminicídio de Úrsula Bahillo, no dia 8 de fevereiro, uma gota d’água que fez transbordar a indignação popular em todo o país.
A jovem de 18 anos era perseguida por seu ex-namorado, Matías Ezequiel Martínez, oficial da polícia de Buenos Aires. A vítima chegou a fazer 18 denúncias antes de ser morta com 15 facadas.
:: Feminismos populares na Argentina organizam suas demandas para o 8 de março ::
Os dados de feminicídio na Argentina foram atualizados na primeira semana de março pelo Observatório Adriana Zambrano. Até fevereiro, o ano de 2021 já contabilizava 51 feminicídios, incluindo um transfeminicídio. Esse número revela que, a cada 23 horas, uma mulher é assassinada por motivo de gênero no país.
:: Um em cada cinco feminicídios é provocado por agentes de segurança na Argentina ::
Em manifesto divulgado conjuntamente nesta segunda (8), diversas organizações sociais pedem, entre outros pontos, uma reforma judicial feminista que inclua a capacitação em gênero de funcionários públicos.
Movimento Ni Una Menos abriu o dia de protestos com uma conferência de imprensa em frente à legislatura portenha / Ni Una Menos
Manifesto
Em um manifesto para a data, dezenas de organizações sociais expõem as demandas feministas para este ano na Argentina:
1) visibilizar as condições de superexploração do trabalho acentuada pela pandemia, quanto a tarefas domésticas e cuidados, territórios e desemprego;
2) que a cota de trabalho travesti e trans, atualmente em nível decreto, seja elevada à lei;
3) paridade na Justiça e uma reforma judicial feminista, com a aplicação efetiva da capacitação em gênero de funcionários públicos através da Lei Micaela;
4) fim da violência machista, dos feminicídios e travesticídios;
5) autonomia econômica das mulheres e dissidências sexuais, o que inclui o desconhecimento da dívida do país com o FMI, contraída pelo macrismo;
6) liberdade às presas por abortar e o acesso sem obstáculos à lei de interrupção voluntária da gravidez (IVE, na sigla em espanhol), pelos direitos sexuais e reprodutivos;
7) fim da violência racista e colonial e o extrativismo terricida: repúdio à repressão policial contra comunidades indígenas e afro; reparação aos expulsados durante o macrismo pelo decreto antimigrante 70/2017, revogado pelo atual presidente Alberto Fernández. Também exigem justiça pelo assassinato das meninas argentinas no Paraguai.
Edição: Poliana Dallabrida