Bibliotecas, museus e bens tombados foram os equipamentos culturais menos conectados em 2020. Os principais motivos para as dificuldades de acesso à internet foram a falta de infraestrutura na região (15 % no caso das bibliotecas e 10% no de museus e bens tombados) e os altos custos de conexão (citados por 11% dos administradores das bibliotecas, % dos museus e 9% dos bens tombados).
Os dados são da pesquisa TIC Cultura 2020, aberta pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.Br). O estudo foi feito entre fevereiro e agosto de 2020. O levantamento cobriu o período de início e agravamento da pandemia no país, analisando os efeitos da crise no uso de tecnologias de informação e comunicação (TICs) nesse período.
As instituições com maior índice de acesso à internet foram cinemas (99%), arquivos (98%) e pontos de cultura (91%). A disponibilização de wi-fi ao público foi mais relatada entre arquivos (51%) e bibliotecas (47%). A prática foi menos comum entre bens tombados (10%) e museus (37%).
A presença dessas associações culturais na internet se deu antes por meio de plataformas digitais, como redes sociais a exemplo do Facebook, Instagram ou Twitter. Esse canal de comunicação foi identificado em cinemas (85%), pontos de cultura (82%) e arquivos (62%).
A presença nas plataformas digitais foi maior do que os índices de manutenção de sites . Entre os equipamentos que fazem uso de páginas na web , a maior frequência foi registrada em cinemas (67%), arquivos (58%) e pontos de cultura (43%).
A atividade principal realizada pelos equipamentos culturais por meio das TICs foi a oferta de serviços, informações e atendimento ao público (84% em arquivos, 79% em cinemas e 68% em teatros). A venda de produtos ou serviços foi relatada principalmente por cinemas (51%), pontos de cultura (99 %) e teatros (25 %).
Durante os meses de suspensão pela pesquisa, houve aumento do uso de telefones e serviços de videoconferência pela internet. Nas atividades de governo eletrônico, as equipes de instituições culturais passaram a usar mais como TICs para a busca de informações e participar de edições de financiamento promovidos por instituições públicas.
A pesquisa destacou a criação e difusão de acervos digitais como um desafio para os equipamentos culturais no país. A existência de acervos foi apontada por praticamente todos os cinemas, arquivos, bens tombados e museus. Desses, o destaque foi dos arquivos, entre os quais 51% divulgou acervos digitais ao público pela internet.
Nos pontos de cultura, o índice foi de 42%. Entre as demais associações analisadas, essa prática foi bem menos comum, como no caso de museus (25%) , teatros e cinemas (14, bens tombados (%) e bibliotecas (6%).
De acordo com os responsáveis pela pesquisa, o quadro apresentado mostra a importância da conectividade para os equipamentos do setor. “Os resultados da TIC Cultura 2020 apontam a necessidade de investimentos em infraestrutura tecnológica e conectividade nas instituições culturais”.
Os gestores das instituições analisadas relataram a dificuldade de obtenção de recursos para o investimento em TICs e a baixa capacitação dos funcionários no uso dessas tecnologias. “Essas são barreiras a serem consideradas para uma oferta de bens e serviços e o desenvolvimento de atividades no ambiente digital, demandas amplificadas em decorrência da pandemia de covid – 19 ”, afirmaram no levantamento.