Os sul-africanos de todas as raças e classes podem votar, mas a liberdade da população termina por aí, denuncia o movimento de moradores de favelas Abahlali baseMjondolo (AbM). O movimento popular realiza anualmente o Dia da Não-Liberdade como resposta ao “Dia da Liberdade” comemorado todo 27 de abril, data em que, em 1994, Nelson Mandela foi eleito presidente na primeira eleição do país em que a população negra pode votar.
“Nós chamamos de dia da Não-liberdade porque tudo o que conseguimos em 1994, quando nós votamos pela primeira vez, foi na verdade ter direito ao voto. Não é nem sequer uma liberdade política completa, foi apenas o direito de registrar nosso voto”, afirma S’bu Zikode, presidente do AbM, ao Peoples Dispatch.
Desde 2005, movimentos populares organizam o Dia da Não-Liberdade e denunciam que o fim do regime de segregação racial não foi suficiente para eliminar as desigualdades do país.
O AbM, por exemplo, é alvo de repressão, assassinato de suas lideranças e perseguição. O movimento inclusive acusa a participação de membros locais do Congresso Nacional Africano (CNA), o mesmo partido do presidente Cyril Ramaphosa, no assassinato de uma de suas lideranças.
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“Liberdade significa o direito à uma vida digna”, afirma S’bu Zikode, que acusa a existência de uma “falsa liberdade que preserva os interesses de poucos enquanto a maioria do país ainda vive em pobreza profunda”.
Em Durban, a marcha organizada pelo AbM nesta quarta-feira (26) foi até a Prefeitura da cidade e entregou um memorando com demandas. Ainda estão previstas atividades nas cidades de Volksrust e Germiston nos próximos dias.
Edição: Nicolau Soares