Estudo sobre a questão de gênero no ambiente agrário é lançado nesta quinta-feira

Diário Carioca

A Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA), em parceria com a Friedrich-Ebert-Stiftung Brasil (FES Brasil), lança, nesta quinta-feira (22), o estudo “Gênero e questão agrária: desafio das mulheres no Brasil rural”. De acordo com o levantamento, mesmo as mulheres fazendo parte de postos de codireção, o trabalho delas nos campos ainda é visto como uma ajuda e não como uma função de liderança.

De acordo com a doutora em sociologia Andrea Butto, uma das porta-vozes do estudo, as mulheres foram impostas ao local de coadjuvantes historicamente e no ambiente rural a situação não é diferente. “O que ocorre é que esse mesmo problema também acaba incidindo nas estatísticas. O censo agropecuário, pela primeira vez, incluiu a possibilidade de uma gestão de codireção, não atribuindo a apenas a um chefe”, disse.

Segundo ela, por vivermos em uma sociedade patriarcal, o chefe sempre era apontado como um homem. Porém, com a luta para a mudança de movimentos de mulheres e com os governos progressistas, esse espaço foi passando a ser conquistado. “Isso é um avanço significativo nesse movimento de auto-reconhecimento das agricultoras”, afirmou.

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Lançada na semana em que é celebrado o Dia do Trabalhador Rural e da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, a análise é a primeira de uma série de seis textos que serão publicados mensalmente até novembro de 2021.

Para debater o assunto, será feita uma transmissão ao vivo pelo YouTube da FES Brasil, da TVT, do Brasil de Fato e de parceiros, com a participação da doutora em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural Karla Hora, da integrante da Sempreviva Organização Feminista (SOF) Miriam Nobre e da doutora em sociologia Andrea Butto.

O evento acontecerá nesta quinta, a partir das 19h, com mediação de Yamila Goldfarb. De acordo com ela, o debate é importante por mostrar que a forma de se fazer o censo e de se questionar as pessoas faz toda a diferença quando falamos em igualdade de gênero.

“A análise é metodológica. Não existe uma metodologia que de fato consiga mostrar o verdadeiro papel que as mulheres exercem no campo. A gente sabe que as mulheres exercem um trabalho fundamental”, afirmou.

Segundo ela, é preciso que o que está sendo levantado seja condizente com a realidade.  “A maneira como os censos fazem as perguntas, embora esteja se aprimorando, ainda pode melhorar. Quando você pergunta ‘quem é o responsável’ e não deixa a possibilidade de a pergunta ser no feminino ou no plural, você já direciona a resposta. São detalhes que parecem pouca coisa, mas que, do ponto de vista metodológico, são muito importantes”, afirmou.

Edição: Vinícius Segalla


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