Com o objetivo de promover a troca de conhecimentos entre o Brasil e a África do Sul sobre a agenda climática e a transição energética justa, no contexto do G20, Brics e da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), o Think Tank 20 (T20), grupo de engajamento ligado ao G20 Social, realizou o seminário “Fortalecendo a Agenda Climática do Sul Global: Recomendações para o G20 e Brics”.
Para a doutora Sarah Mosoetsa, do Think Tank do BRICS Sul Africano, os países do G20 estão “em um estágio de desenvolvimento diferente dos países do Norte, com um bônus demográfico e uma realidade que precisa ser levada em consideração para estabelecer soluções”. Para ela, as diferenças entre os países são tão grandes que o planejamento precisa ser diferente, levando em consideração o impacto ambiental já causado pelos países que se industrializaram primeiro. “Não temos muito tempo para o debate, precisamos agir”, disse Mosoetsa.
O seminário discutiu a crescente pressão para limitar o aumento da temperatura do Globo abaixo de 1,5°C. O foco é fortalecer a cooperação global e desenvolver soluções para diminuir os impactos ambientais e sociais. As mudanças climáticas são sentidas globalmente, mas o Sul Global enfrenta vários desafios estruturais que amplificam o risco e a vulnerabilidade.
Já o subsecretário de Financiamento ao Desenvolvimento Sustentável do Ministério da Fazenda, Ivan Oliveira, afirma que o encontro ajuda a promover o debate Sul-Sul, que leva em consideração a realidade de cada país. “Situações diferentes, exigem soluções diferentes”, defendeu Oliveira. Para ele, a coincidência de três países em desenvolvimento assumirem na sequência a presidência do G20 vai ajudar a dar viabilidade à pauta.
Na avaliação dos participantes, os impactos das mudanças climáticas continuam aceleradas, afetando de forma desproporcional os países do Sul Global. A falta de recursos financeiros e técnicos, somada às demandas sociais urgentes, traz um cenário mais desafiador para esses países, que precisam encontrar soluções para a mitigação e adaptação aos efeitos das mudanças climáticas, ao mesmo tempo em que enfrentam problemas estruturais como a fome e a pobreza.
Experiência Africana
Em 2021, a África do Sul se tornou o primeiro país a fazer uma parceria para a chamada transição energética justa. Este modelo se estendeu para outros países do Sul Global, incluindo a Indonésia, o Vietnã e o Senegal. O conceito reconhece que o abandono dos combustíveis fósseis deve ser conduzido de forma que amenize os impactos negativos sobre os mais vulneráveis.
A representante do Instituto Sul-Africano de Assuntos Internacionais (SAIIA), Luanda Mpungose, falou sobre a importância das discussões. “Na Agenda do G20, o Brasil é o atual presidente e a África do Sul assume em dezembro. Então é importante que possamos coordenar com diferentes setores as áreas de interesse em comum”, enfatizou.
Outra representante da SAIIA, Nerissa Muthayan, destacou a troca de conhecimento no debate. “Acho que o Brasil tem uma matriz de energia renovável incrivelmente forte, que pode ser usada como um modelo de desenvolvimento para muitos países. O país fez um trabalho incrível em crescimento da capacidade de geração de energia solar e eólica, em tempo relativamente curto”, relatou. “Estou muito animada em voltar para a África do Sul e usar os conhecimentos que recebi para enriquecer nossa política”.
O evento contribui para a implementação de dois projetos atualmente em andamento pela SAIIA: “Brics Moldando a Cooperação Econômica para o Crescimento Verde, o Desenvolvimento e a Transição Justa: Parceria entre o Brasil e a África do Sul”, apoiado pelo Think Tank Sul-Africano do Brics, e a “Rede Climática do Sul Global”, apoiada pela Fundação Africana para o Clima.
Da Ag. Gov.