Em protesto no Rio, pescadores artesanais exigem prioridade às energias renováveis

Diário Carioca
Pescadores reunidos em protesto no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira. Crédito: 350.org

Rio de Janeiro, 3 de novembro – Nesta sexta-feira (3/11), pescadores artesanais da Baía de Guanabara fizeram um protesto no Rio de Janeiro para exigir medidas mais efetivas dos governos por uma transição energética justa e popular no Brasil.

Reunidos pela Rede de Homens e Mulheres do Mar da Baía de Guanabara (Rede Ahomar), com apoio da ONG global de campanhas pelo clima 350.org, os manifestantes realizaram a mobilização em duas etapas.

Pela manhã, ergueram faixas e cartazes em frente ao prédio da Petrobras, no Centro da capital fluminense, para denunciar que as empresas de petróleo e gás em todo mundo seguem lucrando bilhões de dólares a cada trimestre, enquanto destroem o clima global e contaminam ecossistemas vitais para as comunidades tradicionais.

À tarde, os pescadores dirigiram-se ao bairro da Urca e, diante da vista da Baía de Guanabara, entoaram gritos de protesto e levantaram faixas com pedidos de que os governos revertam para as energias renováveis, como a solar e a eólica, os recursos públicos que alimentam a produção e o consumo de combustíveis fósseis.

“A Baía de Guanabara está invadida pelo setor do petróleo, que provoca danos aos moradores da região, com a conivência dos governos estadual e federal. Já testemunhamos pequenos, médios e grandes vazamentos de óleo nas áreas onde vivemos e nunca fomos devidamente compensados pelos danos que essa negligência provoca”, afirma Alexandre Anderson, pescador artesanal e presidente da Rede Ahomar. “Está na hora de mudarmos para um sistema em que as energias renováveis tenham prioridade e as comunidades sejam respeitadas”, acrescenta Anderson.

A ação no Rio faz parte de uma onda global de mobilizações pela transição energética justa. A partir do lema Renova Já, comunidades afetadas pela extração de petróleo, gás e carvão estão liderando mobilizações em mais de 170 cidades, em pelo menos 60 países, nos meses de novembro e dezembro. Os protestos em todo o mundo são apoiados e amplificados pela 350.org.


No Brasil, comunidades também estão se mobilizando no Rio Grande do Sul e no Amazonas. Em Porto Alegre, jovens ativistas pelo clima farão, na tarde desta sexta-feira, um ato simbólico pare pressionar o governo gaúcho pela aprovação de uma lei que reconheça a emergência climática global e defina ações para reduzir as emissões de gases poluentes no estado.

Já em Silves, no sul do Amazonas, membros de associações comunitárias e comunidades indígenas prejudicadas pela extração de gás na região participarão de debates, farão um concurso de pintura de murais e promoverão uma marcha pelo Centro da cidade. Eles exigem acesso a energias renováveis e investimentos em um sistema energético baseado nas necessidades e limites definidos pelas comunidades.

“O mundo já está fazendo a transição do petróleo, gás e carvão, fontes que nos trouxeram à crise climática, para as energias renováveis. O Brasil tem condições para acelerar essa transição e, com isso, gerar mais empregos e proteger o meio ambiente, mas essa mudança precisa ser feita com a participação das comunidades”, resume Renan Pereira, coordenador de campanhas da 350.org

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Equipe de jornalistas, colaboradores e estagiários do Jornal DC - Diário Carioca