Mar, Tempo, Azul, Geometria, Passado e Memórias. Esses são os conceitos que permeiam as obras da exposição individual “Do Mar ao Tempo – A Coletânea do Azul”, da artista plástica Mary Dutra, em cartaz no Museu Naval, no Rio de Janeiro, até o dia 14 de agosto, com a curadoria da Tartaglia Arte de Roma e entrada gratuita.
A proposta da artista foi trazer conceitos que permeiam diferentes linguagens dentro de sua fase abstrata e relacionar tais influências ao seu passado nas artes de outras gerações. A cor azul tem predominância nesta seleção de obras, sendo expressão marcante da artista. Traz também o tema que serviu como base de suas últimas exposições, “o tempo”, relacionando-o à observação do mar como ciclo que só corre e nunca para.
“O mar foi uma extensão do meu estúdio nos últimos 5 anos. Ele é onda que só vai, padrão que nunca repete e cor instável. É tempo lento e revolto. Em tudo ao meu redor, estava o mar. Como não tê-lo de forma tão presente nas minhas obras? O azul tornou-se pigmento forte e ativo e nada faria mais sentido do que inaugurar esta exposição dentro do Museu Naval”, explica.
A mostra traz pinturas, fotografias, painéis, objetos e videoarte que remontam parte da trajetória da artista a partir do abstrato, resgatam suas origens de família e reconectam escrita e cultura brasileira através de seu passado.
“Minha referência nas artes estava em meu pai e no meu avô, ambos pintores e músicos. Resolvi ir a fundo em minhas raízes e trazer as poesias de meu bisavô C. Paula Barros, através de seu livro de 1928, sobre a Amazônia. Nele, descobri histórias de uma cultura antiga, de uma floresta viva e vibrante e de uma língua portuguesa que nunca conheci”, relembra Mary.
E foi a partir dos versos desta obra que a artista recriou novas poesias, escritas em caligrafia em grandes painéis que fazem parte da mostra. “Eu recortei seus versos e criei novas histórias, todas iniciadas a partir da contemplação do azul. Azul do céu, de reflexos de pedras e cristais, de penas de pássaros e, claro, do mar”, explica.
A artista conta ainda que dentre os muitos livros escritos pelo seu bisavô, está a biografia do amigo e companheiro de composições, Villa-Lobos. Poeta, compositor e professor, C. Paula Barros também ilustrava seus próprios livros, fazendo, inclusive, o retrato de Villa-Lobos para a capa desta publicação.
“Este resgate do passado é uma forma de entender meu próprio trabalho e de me conectar com minha família e origens. Inaugurar esta exposição grávida de 7 meses, é trazer quase 100 anos de histórias para este menino na barriga poder conhecer em seu tempo futuro”, aprofunda.
A exposição, que tem curadoria da Tartaglia Arte de Roma, fica em cartaz de 06 de julho a 14 de agosto, no Museu Naval, no Centro do Rio de Janeiro, com entrada gratuita.
FICHA TÉCNICA:
Exposição Individual
“Do Mar ao Tempo – A Coletânea do Azul”
Artista: Mary Dutra
Período: de 06 de julho a 14 de agosto de 2022
Local: Museu Naval
Endereço: Rua Dom Manuel 15, Praça XV – Centro, Rio de Janeiro
Dias e horários: De quarta a domingo, das 13h às 17h.
Realização: Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha, Abstrato Azul e Tartaglia Arte de Roma
Curadoria: Riccardo Tartaglia e Regina Nobrez
Instagram: @art_marydutra
Entrada gratuita