“A noite cai quando ela quer” terá duas únicas sessões no Teatro Firjan SESI Centro

Diário Carioca
“A NOITE CAI QUANDO ELA QUER” - Foto: Nadia Lauro

O Teatro Firjan SESI Centro apresenta “A noite cai quando ela quer” em duas únicas sessões, dias 16 e 17 de setembro, sexta às 19h e sábado às 18h. Com passagem por Paris, Itália e Holanda, a performance integra a programação do EntreAtos, evento que acontece entre uma edição e outra do Festival Atos de Fala.

Concebido e encenado por dois coreógrafos, o brasileiro Marcelo Evelin e a francesa Latifa Laâbissi, o espetáculo cria uma vigília alucinatória sob a presença de três criaturas flamejantes que pressionam imagens, vozes e os estados corporais pelos quais passam. Tradicionalmente, a vigília é a passagem da luz do dia ao breu noturno que conduz todo tipo de encontros no imaginário.

Desta maneira, os artistas experimentam uma vigília encarnada em vozes, sons e canções e habitada por presenças instáveis e fantasmas incômodos. “A noite cai quando ela quer” convida os espectadores a acompanhá-los numa viagem de imersão perceptiva, na qual passam por uma experiência interior na companhia dessas figuras, que são meio guardas-noturnos, meio profetas, sempre à espreita.

“O que a gente faz, na verdade, é quase que uma invocação de outras vozes, de outras pessoas. A gente pensou muito em povoamento, visibilidade, de realmente canalizar vozes, presenças e vultos para esse lugar, para estar com a gente nesse momento que é um pouco celebração, mas é também suspensão, num tempo especial, apartado um pouco do que seria a realidade”, afirma Marcelo Evelin.

Acompanhadas do músico Tomas Monteiro, as três figuras de vigília têm seus estados imaginários amplificados pelo uso do theremin (instrumento musical completamente eletrônico controlado sem qualquer contato físico pelo músico).  Seus corpos mudam, tornando-se “corpos que vêm, recebem, estocam, empilham, compilam, canibalizam, arquivam, enterram”.

Multiplicados pelo espaço incandescente de Nadia Lauro, pela luz que resplandece, pelas linguagens que emitem, esses corpos saturados de imagens se fundem em um material tumultuado e maleável, em constante metamorfose. Por fim, “A noite cai quando ela quer” é uma aventura de três figuras nômades que enfrentam o mundo, partilhando ritos e danças.

“Criamos o EntreAtos para, justamente, manter a chama acesa para o Festival Atos de Fala que completou 10 anos e seis edições em 2022. É uma forma de aguçar a curiosidade, de se manter em atividade e de reforçar o seu caráter de intercâmbio multidisciplinar por meio de importantes parcerias que resultam na vinda, por exemplo, de artistas internacionais, como é o caso da Latifa Laâbissi, que é o segundo ano em que ela está conosco”, afirma Cristina Becker, idealizadora e curadora do Festival, ao lado de Felipe Ribeiro. A sétima edição do AdF está prevista para acontecer no segundo semestre de 2023.

O projeto conta com a produção da Corpo Rastreado e com o apoio cultural do Teatro Firjan SESI Centro, Instituto Francês e do Consulado Geral da França em São Paulo.

Depois do Rio de Janeiro, “A noite cai quando ela quer” tem apresentações marcadas no SESC Avenida Paulista, dias 21, 22 e 23 de setembro.

FICHA TÉCNICA

Concepção: Latifa Laâbissi e Marcelo Evelin

Performance: Latifa Laâbissi, Marcelo Evelin e Tomas Monteiro

Trilha: Tomas Monteiro

Espaço-figurino: Nadia Lauro

Figurinos: Nadia Lauro e Latifa Laâbissi

Iluminação: Chloé Bouju

Colaboração: Isabelle Launay

Produção: Figure Project

Produção no Brasil: Corpo Rastreado

Técnico de luz (temporada Brasil): Diego Gonçalves

Coprodução: Festival de la Cité, Lausanne (CH) / Le Quartz – Scène nationale de Brest / ICI-CCN de Montpellier / CNDC d’Angers / TNB – Centre Européen Théâtral et Chorégraphique, Rennes / La Passerelle, Scène nationale de Saint-Brieuc / Centre national de la danse, Pantin / Festival d’Automne à Paris

Serviço:

“A noite cai quando ela quer”

Quando: 16 e 17 de setembro

Onde: Teatro Firjan SESI Centro

Endereço: Av. Graça Aranha, 1 – Centro

Dia/hora: sexta, às 19h; e sábado às 18h

Ingresso: R$40,00 (inteira) / R$20,00 (meia) – vendas online aqui

Duração: 90 minutos

Capacidade: 96 lugares

Gênero: Dança

Classificação indicativa: 18 anos

Sobre o Festival Atos de Fala

Atos de Fala é uma plataforma de estudos e arte de performance que desde 2011 tem no formato de festival sua principal realização. Idealizado por Felipe Ribeiro e Cristina Becker, este evento toma seu nome emprestado do termo do linguista John Austin. Através dele percebemos a arte pelo que ela faz agir.

A missão é criar demandas por formatos híbridos, fortalecer o trânsito artístico e discutir assuntos de relevância global e local. Nestes dez anos de existência foram seis edições com os seguintes motes: AdF.11 – Documentos e Intimidades; AdF.14 – Geografias da Diáspora; AdF.16 – Volta à Futuridade; AdF. crise – A Besta e o Soberano; AdF.19 – Escapar do Capataz; e mais recente o AdF.22 – Materializar os Impossíveis. A cada edição o festival amadurece seus propósitos mantendo-se atento aos contextos nos quais está inserido e com os quais consegue estabelecer diálogo. O Festival Atos de Fala completou 10 anos e realizou sua sexta edição – AdF.22 – de forma inovadora e em modelo totalmente online.

Sobre o EntreAtos

Inspirados pelos intercâmbios multidisciplinares do Festival Atos de Fala, Cristina Becker e Felipe Ribeiro criaram o EntreAtos, um programa de apresentações que acontece entre as edições do AdF. EntreAtos tem sido marcado por sua maleabilidade conseguindo acomodar apresentações que nem sempre conseguem convergir sua agenda com a do festival. A primeira apresentação no programa acontece em outubro de 2016, com ECRAN SOMNAMBULE da artista francesa Latifa Laâbissi, no Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica graças a uma parceria firmada com o Institut Française – sua vinda ao Brasil fazia parte da Mostra France Danse.
Depois, apresentaram o PROJETO CONTINUADO, do artista português João dos Santos Martins. O trabalho teve apresentação única no Rio de Janeiro, no Espaço Cultural Municipal Sergio Porto, no dia 06 de maio de 2018. Em 2019, aconteceu ENTRE CÃES E LOBOS, de Gustavo Ciríaco, apresentado no mesmo espaço.

Latifa Laâbissi – Coreografia e Performance

Misturando gêneros e redefinindo formatos, as criações de Latifa Laâbissi trazem à cena múltiplos elementos fora do palco / fora do campo, canalizando diferentes figuras e vozes. A encenação destas vozes e o rosto como veículo de estados minoritários liga-se às partes dançantes da obra em Autorretrato camuflado (2006) e Loredreamsong (2010). Continuando o seu estudo temático sobre arquivos, criou Écran somnambule e La part du rite (2012) com base na dança alemã dos anos 20. Em Pourvu qu’on ait l’ivresse (2016), co-assinado com a cenógrafa Nadia Lauro, criou visões, paisagens e imagens, combinando o excesso, a monstruosidade, o belo, o aleatório, o cômico e o medo. Desde 2011, Latifa Laâbissi é Diretora Artística do programa e festival artístico e pedagógico da Extensão Sauvage em Brittany. Em 2016, uma monografia sobre o conjunto da sua obra foi publicada pelas Edições Les Laboratoires d’Aubervilliers e Les presses du réel. Em 2018, ela criou com Antonia Baehr a performance “Consul et Meshie”. Ela também colaborou com o vídeo “Moving Backwards” de Pauline Boudry e Renate Lorenz, apresentado no Pavilhão Suíço da 58ª Bienal de Veneza, em 2019. No mesmo ano, a sua criação White Dog foi exibida em festivais europeus (Marselha, Tanz im August – Berlim, Automne à Paris, festival TNB Rennes), antes de uma turnê francesa e internacional. Em 2021, a criação Ghost Party (parte I) é um dueto com o videomaker holandês Manon de Boer, que fará um par com um filme de Autumn, Ghost Party (parte II). Ambas as partes serão exibidas na FRAC Bretagne. Ao mesmo tempo, Latifa Laâbissi prepara uma nova peça com o coreógrafo brasileiro Marcelo Evelin. Esta festa quase noturna, intitulada “La Nuit tombe quand elle veut”, criada em 2021 para o Festival TNB em Rennes. Em 2022, a peça Fugitive Archives, será criada para o Ballet de Lorraine do CCN.

Marcelo Evelin – Coreografia e Performance

Marcelo Evelin nasceu em Teresina, Brasil. É um coreógrafo, investigador e intérprete, vivendo e trabalhando entre Amsterdã (Holanda) e Teresina (Brasil). Na Europa desde 1986, tem trabalhado com dança e colaborado com artistas de diferentes disciplinas e formações em projetos, incluindo também teatro físico, música, vídeo, instalação e atuações site specific. Evelin é um criador independente com a sua Plataforma Demolition Incorporada, criada em 1995, e ensina na Mime School, em Amsterdã, onde também orienta os estudantes nos seus processos criativos. Coordena workshops e projetos colaborativos em vários países da Europa, América, África, Japão, América do Sul e Brasil, onde regressou em 2006 e, desde então, tem trabalhado também como curador, estabelecendo o Núcleo do Dirceu em Teresina, um coletivo de artistas e uma plataforma de investigação e desenvolvimento independente das Artes Performativas Contemporâneas, que coordenou até 2013. Criou The Who of Things for Carte Blanche, para a Companhia de Dança Contemporânea da Noruega; e All the Women in the World for Dancebox, em Kobe, Japão. As suas atuações de repente ficam tudo preto de gente (2012), Batucada (2014) e A Invenção da Maldade (2019) são exibidas em teatros e festivais no Brasil e no exterior. Atualmente ensina no CND em Paris, HAK em Amsterdã e EXERCE em Montpellier e coordena o Centro de Residências Campo Arte Contemporânea em Teresina. Em 2019, recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Piauí, Brasil.

Nadia Lauro – Cenógrafa e Fotos

Como artista visual e cenógrafa, Nadia Lauro vem desenvolvendo o seu trabalho há várias décadas em vários contextos (espaços cênicos, arquiteturas paisagísticas, museus). Concebeu cenários, ambientes e instalações visuais com forte poder dramatúrgico, gerando assim novas formas de ver e estar juntos. Nadia Lauro tem colaborado com os seguintes coreógrafos e intérpretes internacionais: Vera Mantero, Benoît Lachambre, Emmanuelle Huynh, Fanny de Chaillé, Alain Buffard, Antonija Livingstone, Latifa Laâbissi, Jonathan Capdevielle, Laeticia Dosh e Jennifer Lacey, com quem foi coautora de numerosos projetos. Ela recebeu um Prêmio de Dança e Performance de Nova Iorque (The Bessie) pela sua instalação visual em $Shot (Lacey/Lauro/Parkins/Cornell). Em 1998, fundou o Squash Cake Bureau com o arquiteto Laurence Cremel para desenvolver projetos de design paisagístico e mobiliário urbano. Também concebeu concertos (Cocorosie, Gaspard Yurkévitch, Dani Siciliano). Desenvolveu projetos ambientais em museus, casas de teatro e galerias de arte na Europa, Japão e Coreia. Para a 4ª edição do New Festival no Centre Pompidou, apresentou La Clairière (Fanny de Chaillé/Nadia Lauro), um ambiente visual imersivo concebido para ouvir “Khhhhhhh”, Línguas Imaginárias e Inventadas. Desde 2014, Nadia Lauro é artista associada ao Festival de Extensão Sauvage (Latifa Laâbissi / Projeto Figura)

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Equipe de jornalistas, colaboradores e estagiários do Jornal DC - Diário Carioca