Ana Maria Machado num papo gratuito sobre leitura, leitores e escritores para comemorar aniversário de 28 anos da Estação das Letras

Diário Carioca
Ana Maria Machado - (foto: Bruno Veiga/divulgação)

A Estação das Letras, considerada reduto da literatura nacional no Rio de Janeiro, hoje Instituto Estação das Letras, cujas fronteiras foram ampliadas durante a pandemia de Covid-19 e as aulas on-line (mantidas até hoje), faz 28 anos com evento gratuito – e presencial – no Sesc do Flamengo (Marquês de Abrantes, 99), às 18h. A convidada de honra é Ana Maria Machado, numa conversa sobre leituras, leitores & escritores nas Navegações Literárias. 

Segundo Suzana Vargas, fundadora da Estação, diretora do IEL, Ana Maria Machado, para além da importância da sua produção no cenário literário, coroa o aniversário da instituição, pois a Estação das Letras “nasceu sob sua benção, desde o início, quando as oficinas não existiam como hoje e éramos olhados com desconfiança sobre a real possibilidade de se ensinar a escrever romances e poemas”, lembra Suzana.

Há quase três décadas, o autor era tratado como alguém que produzia apenas sob inspiração e não se falava em técnica. Ana Maria não somente acreditou no projeto como participou ativamente dando cursos, frequentando como autora os eventos.

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Estação das Letras / Instituto Estação das Letras

A Estação das Letras foi criada em 1996 por Suzana Vargas, escritora, professora de literatura e uma das pioneiras em oficinas literárias, ao trabalhar na OLAC no início dos anos 80 com o professor Afrânio Coutinho. Após o lançamento do projeto Rodas de Leitura, que lotou plateias em centros culturais cariocas entre a década de 90 e 2005, Suzana teve o apoio de amigos/escritores para fundar a Estação, considerada polo irradiador do fazer literário em diversas dimensões – seja com programação de cursos e oficinas ou como produtora de muitos e importantes projetos culturais nacionais e internacionais.

Em 2017, a Estação, que sempre viveu exclusivamente de seus cursos e da vitória da resistência, transformou-se em Instituto Estação das Letras, uma associação civil de direito privado, sem fins lucrativos com o objetivo de continuar e para ampliar ainda suas ações em favor do livro e da leitura.

Mais de 30 mil alunos passaram pela Casa: 600 publicaram livros e 10% colecionam prêmios. Quatro mil professores foram capacitados por mentores como Ruy Castro, Marina Colassanti, Cleonice Berardinelli, Ferreira Gullar, Ana Maria Machado, Antônio Carlos Secchin, Frei Betto, Antônio Cícero, Gonçalo M. Tavares, entre outros e 40 mil pessoas participaram de sete mil eventos promovidos pela Estação das Letras e sua equipe nesses anos. Entre eles: as arenas jovens e os espaços da leitura FNDE, pelo Snel e MEC, respectivamente, em bienais do Rio de Janeiro e São Paulo; Mostra Sul da Poesia Latinoamericana do CCBB, no Rio, em São Paulo e Brasília, assim como as vanguardas literárias da mesma instituição; Leitura em Ação, pela Oi Futuro; Estação Pensamento & Arte, da Secretaria Muncipal de Cultura do Rio de Janeiro e Caravana de Escritores (Minc/CBL).

Em sua trajetória, a Estação das Letras inaugurou a profissionalização dos escritores e profissionais da literatura com eventos remunerados numa época em que os escritores apenas recebiam flores por sua participação nos escassos eventos públicos de literatura a os quais eram chamados. No rol de eventos próprios (sem apoio) a Estação lançou desde 1996 as primeiras trocas de livros no país com o Livros na Mesa, programa de trocas de livros que permaneceu em cartaz até 2014, além dos cursos também pioneiros na área de mercado editorial com programas de formação para livreiros, gerenciamento de livrarias, cursos de editoração, copidesque e revisão. Foram muitos e inovadores os serviços prestados pelo espaço ao longo de décadas, comemora Suzana. 

ESTAÇÃO HOJE

Com sedes nas ruas do Rosário, do Catete, e pela Almirante Tamandaré, nos  bairros Centro, Catete e Flamengo, a Estação fica hoje na Marquês de Abrantes, na Zona Sul. Após ¼ de século, a instituição abriu seus horizontes para as oficinas on-line, em virtude do distanciamento social. As aulas de gêneros e criação, leitura e mercado editorial estão ultrapassando as barreiras físicas.

Desde o ano passado, por conta da pandemia, o IEL entrou na era on-line. “Em 25 anos fomos procurados por lugares do Brasil inteiro pedindo que “abríssemos” em diversas cidades. Mas como não sou exatamente uma empresária, ficava difícil. Hoje percebemos ampliação do público para além das fronteiras municipais e estaduais, inclusive internacional. Comemoramos esses 28 anos com aumento da oferta de eventos de leitura e reforçamos serviços e propostas que ultrapassam os limites geográficos”, diz Suzana.

 A Estação das Letras mantém ainda oficinas de formação em escrita e leitura, rodas de leitura para jovens de 7 a 24 anos de comunidades, além de disponibilizar serviços de avaliação de originais, mentoria, consultoria, curadoria e produção literária e uma grade de eventos mensais fixos: Sextas com Letras, Concertos de Poesia, Janelas Literárias e Recordar Infâncias.

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Equipe de jornalistas, colaboradores e estagiários do Jornal DC - Diário Carioca