A Fundação Biblioteca Nacional (FBN) – entidade vinculada ao Ministério da Cultura – anunciou nesta quarta-feira, 28 de fevereiro, o historiador e professor Luciano Figueiredo como novo coordenador do Projeto Resgate Barão do Rio Branco, dedicado à catalogação e reprodução da documentação histórica manuscrita referente ao Brasil Colônia. O anúncio foi feito pelo presidente da FBN, Marco Lucchesi, durante o evento “Projeto MAPE: Mapping the Atlantic Portuguese Empire”, organizado por um grupo de pesquisadores estrangeiros, e cuja abertura ocorreu no Auditório Machado de Assis, na sede da Biblioteca Nacional (BN), Centro do Rio.
“O Projeto Resgate é, sobretudo, um projeto de Estado, cujo olhar generoso se volta por completo para a História do Brasil, aquém-fronteiras e além-mar, para reconstituir as partes dispersas de nossas camadas culturais. Compartilhar a História do Brasil, reconquistá-la, difundi-la, leva ao conhecimento de nosso legado futuro, num estatuto de emancipação. Com a presença de Luciano Figueiredo, o Projeto Resgate adquire nova perspectiva. Luciano é reconhecido historiador, com vasta projeção acadêmica, alto conhecimento de fontes e arquivos, no metodologia e saberes sociais. Luciano brilha também no compromisso da difusão do conhecimento para um público leigo e popular. A Biblioteca Nacional, órgão vinculado ao Minc, cumpre plenamente sua missão”, afirma Marco Lucchesi.
Luciano Figueiredo
Professor titular do Instituto de História da UFF, Luciano Figueiredo é especialista em História do Brasil colônia, com graduação pela PUC-RJ e pós-graduação na USP. Pesquisador há mais de 40 anos, coordenou inúmeros projetos no Arquivo Nacional, Fundação João Pinheiro, CNPq, Faperj e UFF. Devotado à popularização da História, fundou e dirigiu por quase dez anos a Revista de História da Biblioteca Nacional, que chegou a todas as escolas brasileiras (e bancas de jornal), e idealizou o primeiro Festival de História no país.
Atualmente é editor do site Impressões Rebeldes, com documentos e conteúdos sobre as rebeliões no Brasil. Publicou vários livros e artigos acadêmicos. Recentemente, foi lançado pela editora Chão seu livro “O Pasquim do Calambau – infâmia, sátiras e o reverso da Inconfidência Mineira”, em colaboração com Álvaro Antunes.Sócio honorário do IHGB, fez estágio de pós-doutorado em Stanford. É pesquisador produtividade do CNPq.
“Os planos são de ampliar as conexões com a África e América Latina, além de divulgar conteúdo pelas redes da BN. Em 2023, quase dois milhões de pesquisadores consultaram os documentos do projeto – um acervo que reúne mais de 1 milhão de páginas de documentos do Brasil colonial, com guias de pesquisa, acessíveis remotamente, espalhados pelo mundo com apoio da UNESCO”, afirma Luciano Figueiredo.
Projeto Resgate
O Projeto Resgate Barão do Rio Branco é um programa de cooperação arquivística internacional que tem por missão catalogar e reproduzir a documentação histórica manuscrita referente ao Brasil, do período anterior à Independência. Anteriormente, só era possível consultar a rica documentação que se encontra sob a custódia de instituições estrangeiras por meio de dispendiosas viagens e cansativas pesquisas. Ao organizar e tornar acessível esse imenso acervo aos pesquisadores e ao grande público, o Projeto Resgate Barão do Rio Branco realiza uma inestimável contribuição para a memória brasileira.
O projeto homenageia José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, diplomata brasileiro que consolidou as fronteiras do país. Com efeito, o embrião da iniciativa surgiu já no século XIX, graças à pesquisa pessoal de muitos diplomatas brasileiros.
O gérmen da institucionalização do Projeto Resgate se iniciou no dia 7 de setembro de 1966, por meio do Acordo Cultural celebrado entre o Brasil e Portugal. Dentre seus objetivos, o Acordo, aprovado pelo Congresso Nacional em 1967, visa a permuta de documentos entre ambas as nações, bem como a cooperação entre as instituições de ensino, pesquisa e tecnologia, que são intenções concretizadas pelo Projeto.
Em 1983 foi firmado um primeiro Protocolo de Cooperação entre Brasil e Portugal. Posteriormente, em 1996, com a perspectiva das comemorações dos 500 anos da chegada dos portugueses ao território brasileiro, o Conselho Nacional de Arquivos (Conarq) impulsionou a criação da Comissão Luso-Brasileira para Salvaguarda e Divulgação do Patrimônio Documental (COLUSO) e a aprovação do Plano Luso-brasileiro de Microfilmagem.
No ano 2000, o Acordo Cultural e o Protocolo de Colaboração anteriormente mencionados foram atualizados pelo Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta, igualmente promulgado pelo Congresso Nacional em 2001. Sob a inspiração deste Tratado, o Projeto Resgate promove a microfilmagem da documentação histórica de Portugal, além de impulsionar o intercâmbio de pesquisadores.
Tais iniciativas fortaleceram sobremaneira o desenvolvimento do Projeto Resgate Barão do Rio Branco. Como fruto dessas décadas de trabalho, grande parte do acervo luso-brasileiro foi disponibilizado digitalmente, entre 2002 e 2006, pelo Centro de Memória Digital da Universidade de Brasília (CMD/UnB), com apoio financeiro da Petrobras.
Desde 2015, os recursos para a manutenção e o incremento do Projeto Resgate Barão do Rio Branco advêm de um Projeto de Cooperação Técnica Internacional com a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), cuja direção está a cargo da presidência da Fundação Biblioteca Nacional.
Com o intuito de preservar a memória do Projeto, fomentar a cooperação internacional, promover eventos acadêmicos e ampliar e difundir o acervo do Projeto, em 2022 foi instituído pela Fundação Biblioteca Nacional o Centro de Memória do Projeto Resgate, vinculado ao Centro de Cooperação e Difusão da Biblioteca.
Até o momento, foram feitos o levantamento e a reprodução de documentos existentes nos arquivos, bibliotecas, museus, centros e instituições culturais de Áustria, Espanha, Holanda, França, Bélgica, Reino Unido e Estados Unidos da América. O Projeto Resgate Barão do Rio Branco pretende, a curto prazo, tornar disponível esse novo acervo, oferecer instrumentos de pesquisa mais atualizados e ampliar o mapeamento dos documentos existentes em outros continentes.
Visite o acervo em: resgate.bn.br.