Em seu 24º carnaval, o bloco Cordão do Boitatá anima hoje (23) os foliões em um baile multicultural na Praça XV, no centro da cidade do Rio de Janeiro. O baile deste ano homenageia a ancestralidade por meio da Tia Maria do Jongo, morta no ano passado. Ela era umas das principais figuras do Jongo da Serrinha, grupo que exalta ritmos ligados à ancestralidade africana, como jongo, samba, afoxé, coco, ciranda e cantigas em dialetos africanos.
A produtora do bloco, Flávia Berton, contou que o outro homenageado é Buka Oxumaré, também morto em 2019, que congregava sambistas em seu quiosque na Praia da Barra da Tijuca. “São duas pessoas muito importantes para o Boitatá que representam a cultura negra no Rio de Janeiro de um forma bonita, de luta, de resistência, com muita alegria e com festa que é isso que a gente se propõe fazer aqui”, disse Flávia.
Este é o segundo ano que o Cordão do Boitatá faz financiamento colaborativo para montar seu show na Praça XV. De acordo com Flávia, o grupo resolveu não ter mais patrocínio. No ano passado, o Boitatá arrecadou R$ 80 mil. Este ano, foram R$ 125 mil que cobrem 80% dos gastos. O restante veio de doações e de ensaios com ingressos pagos. “Somos uma rede e podemos movimentar a festa do jeito que a gente quer, sem ter amarras”, afirmou.
Os foliões do Boitatá vão dançar até o fim da tarde deste domingo com mutos artistas convidados, como a cantora Teresa Cristina, o músico Davi Moraes, e o grupo Jongo da Serrinha.
A psicóloga Renata Vargas de Carvalho, de 37 anos, é a musa do Boitatá há sete anos. Com sua faixa de musa e fantasiada de cigana, Renata, que é cadeirante, era das mais animadas à frente do palco. “Venho pela energia, pelas pessoas, e por manter viva essa festa que é o carnaval”.
Os amigos Eliano Lettieri, de 44 anos, Fagner Monteiro, de 38 anos, e Arley Guerra, de 42 anos estavam fantasiados de personagens do filme O Mágico de Oz. “Somos amigos há quase 20 anos e é a primeira vez que a gente resolve sair com personagens famosos”, disse Lettieri.
Eles contaram que são frequentadores assíduos do Boitatá por ser um bloco tradicional e familiar. “É um bloco multicultural, que fala de arte, amor, liberdade. A gente tem identificação com esse bloco porque o carnaval é a união de forças para estarmos sempre em harmonia e alegria”, completou Lettieri.
A produtora de TV Luana Fornaciari, de 40 anos, levou seu bebê Joaquim de sete meses para seu primeiro carnaval. Ela mora na França, mas veio para o Brasil rever a família e aproveitar os dias de folia. Ela acompanha o Boitatá há mais de 14 anos pela qualidade musical do bloco. “Os músicos são os melhores. Então a gente tenta sempre dar um jeito de vir para prestigiar”.
O Cordão do Boitatá começou como um bloco de cortejo carnavalesco há 24 anos. Desde 2006, o bloco também se apresenta em um palco montado na Praça XV