A retomada da democracia, da paz, do respeito. Foi com este sentimento que o Cordão do Boitatá, um dos blocos pioneiros do Carnaval de Rua do Rio de Janeiro e reconhecido como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Estado, fez o seu 17º Baile Multicultural, na manhã deste domingo, na Praça Quinze, no Centro da cidade..
Tradicionalmente conhecido por ser um bloco colorido, familiar, pacífico, que mistura personagens e fantasias multicolores e diversas, o Cordão do Boitatá anima seus foliões com o que há de mais autêntico na MPB, entre canções de compositores como Chico Buarque, Maestro Moacir Santos, Gilberto Gil, Gal Costa e Moraes Moreira, além de uma lista de homenagens (80 anos de Paulinho da Viola; Centenário da Portela; e 85 anos de Martinho da Vila) .
Fundado em 1996, o Cordão do Boitatá foi criado por estudantes e músicos, e até hoje atrai milhares de apaixonados pelo Carnaval. A bateria e a orquestra de sopros animam os foliões que se unem num coral espontâneo, para cantar um repertório variado de sambas antigos e atuais, partido alto, marchinhas e MPB. O Boitatá é uma “experiência”:
“São 27 anos de bloco, 17 anos de Baile. É um show musical, com canções autorais, músicas conhecidas e nossos convidados”, explicou Flávia Berton, coordenadora de produção.
Marquinho de Oswaldo Cruz, Marina Iris, Jongo da Serrinha ,Teresa Cristina, Maju Nunes, Marcos Sacramento, grupo Amigos da Onça, Robson Sá, Edu Neves, Mariana Baltar, Rita Benedito, Jovi, Alcineia e Moyses Marques, entre outras figuras populares da cena boemia carioca, marcaram presença no palco do Boitatá.
Jerry Fernando, não mora mais no país, vem todo ano brincar no Carnaval do Rio. Este ano reuniu um grupo de amigos para homenagear o “Profeta Gentileza”, pregador icônico da cidade, falecido em 1996, aos 79 anos.
“Estamos num país dividido. Todo ano trabalhamos uma questão política,mas este ano precisamos falar de gentileza, viemos para unir, não para separar”, ressaltou Jerry.
A professora Lúcia Vignolli exibe em sua fantasia a arte do carioca Zeca Menezes.
“Este Burrito é uma demonstração da cultura. Eu me sinto abençoada, o Carnaval é uma festa abençoada para mim”, disse.
A musa do Boitatá, Renata Vargas de Carvalho, era um exemplo animado de inclusão e respeito. Na cadeira de rodas, Renataa era a prova de que não existe limite e nem estrição quando se trata de ser feliz:
“Quando eu achava que a felicidade já era grande, vejo que é maior ainda. Imagina, voltar para a rua nesta festa animada, da democratização, divertida e purpurinada. É uma paixão”, disse, emocionada.
Emoção também para a Dona Noelia Rodrigues, de 86 anos, que há trinta anos não brincava o Carnaval.
“Estou me sentindo muito bem, alegre. Espero que dê tudo certo para que a gente possa curtir este carnaval”, frisou.
Helena Stewart veio para o Baile do Boitatá com a filha de 11 anos e a afilhada de 10.
“É muito emocionante. É uma festa alegre e muito animada e eu acho importante que as crianças percebam as possibilidades que a cidade oferece”.
Organizado pela Riotur, o Carnaval de Rua do Rio tem a estimativa de atrair cinco milhões de pessoas para os desfiles deste ano. Na organização, há oito postos médicos fixos à disposição do público, dois a mais que em 2020, e 220 ambulâncias, tudo isso para desafogar o sistema de saúde da cidade. Há 34 mil estações sanitárias, entre banheiros químicos e mictórios, posicionados por onde passarão os blocos, sendo 10% exclusivos para pessoas com deficiência (PCDs). E para ajudar na limpeza da cidade, a Comlurb disponibilizou a maior estrutura já utilizada pela companhia durante o carnaval, com 2550 garis, carros-pipa, equipamentos de higienização de urina, varredeiras de grande, pequeno e médio porte e mil contentores de 240 litros.
Até o fim do mês, a cidade terá mais de 400 desfiles realizados. E para ajudar a encontrar a folia de rua perfeita para você, a Riotur preparou um aplicativo com todas as informações sobre os blocos do calendário oficial da Prefeitura. Para saber trajetos e horários, é só baixar o “Partiu Bloquimmm”, disponível nas plataformas digitais