Circula nas redes sociais uma lista com mais de 28 festas privadas agendadas para acontecer durante os dias do carnaval no Rio de Janeiro. A lista, no entanto, resume os eventos “alternativos” e não totaliza o número de bailes programados na capital na próxima semana.
Na primeira semana de janeiro deste ano, a Prefeitura do Rio cancelou o carnaval de rua, mas permitiu que os bailes fechados fossem organizados na cidade. No final do mesmo mês, foi a vez do desfile das escolas de samba da Sapucaí ser adiado para abril.
Seguem os eventos pagos de (não vai ter) Carnaval no Rio. 🤡 pic.twitter.com/gNnEpKhImW
— Re Corrêa (@renatacorrea) February 16, 2022
A justificativa do prefeito Eduardo Paes (PSD) divulgada com a decisão de cancelamento da folia foi que diferente dos cortejos ao ar livre, que chegam a reunir milhares de pessoas, nos locais fechados é possível controlar o acesso do público e exigir o passaporte vacinal.
Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que foi ao ar na última segunda-feira (14), porém, o prefeito admitiu que a escolha não foi baseada apenas em critérios científicos sobre a covid-19.
“Teve um momento que teve um risco muito grande para o carnaval, de ser associado a uma festa ‘genocida’. O carnaval é uma celebração cultural, tinha que ser protegido. Eu achei que ia acontecer o que está acontecendo, a taxa de transmissão da covid caindo a essa altura. Mas tive que tomar uma decisão estratégica para preservar o carnaval e garantir o patrocínio para que a festa acontecesse”, disse.
A liberação dos eventos privados e o cancelamento do carnaval de rua gerou críticas sobre o caráter pouco popular dos bailes com cobrança de entrada para a festa tradicionalmente democrática. Também levantou debates sobre a suposta segurança dos eventos fechados.
Segundo o pesquisador em Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Marcelo Gomes, disse ao Brasil de Fato, na ocasião da decisão, ainda que no papel as exigências sejam estabelecidas, não é o momento de promover festas, especialmente em locais fechados.
“O cenário epidemiológico atual sugere que o mais adequado, partindo do princípio da precaução, sob a ótica da saúde pública é de fato suspender as festas de carnaval, infelizmente. Como depende de fatores diversos que podem mudar ao longo desse período, é extremamente arriscado prever se até lá a situação epidemiológica estará suficientemente segura. É possível que esteja ainda em ascensão, inclusive”, afirmou ao Brasil de Fato.