Assim como nos quatro versos de uma estrofe, QUARTETA, exposição que é fruto do encontro das pintoras Daniela Santa Cruz, Karin Cagy, MIRTA e Paula Boechat, são quatro forças, quatro vozes que se expressam ao olhar através de cores, formas, gestos e materialidade das telas. A mostra inaugura no dia 1º de dezembro, no Estúdio Ipê, novo espaço dedicado à arte no Itanhangá, com cerca de 20 pinturas, e também virtualmente, na plataforma internacional Artsy.net pela Galeria Chegamos (www.artsy.net/chegamos).
A parceria entre elas surgiu de um processo de maturação iniciado no contato semanal na Escola de Artes Visuais do Parque Lage: unidas pelos próprios questionamentos, suas propostas de pintura, histórias de vida e ideias heterogêneas, se revelaram ao mesmo tempo complementares e foi o que as uniu. Além do fato de serem mulheres e mães, elas têm em comum, acima de tudo, o fato de estarem envolvidas no fazer artístico pictórico.
Sob a curadoria da também artista e pesquisadora Luana Aguiar, QUARTETA apresenta um conjunto de obras dessas artistas mulheres cisgênero que se autorizam e se reconhecem enquanto pintoras.
“Se num primeiro momento tal fato parece banal, é preciso lembrar da invisibilização histórica que as mulheres pintoras sofreram ao longo do tempo, de modo que uma reunião deste porte deve ser considerada sempre uma importante celebração”, afirma a curadora.
Daniela Santa Cruz parte da abstração e da materialidade das tintas e de elementos orgânicos como areia, terra, gesso e água para falar de pertencimento, buscando sensações e atmosferas nas memórias de momentos experimentados no passado, em especial no nordeste de sua infância. Já Karin Cagy dá vida, em suas obras figurativas, a personagens femininas maduras e irreverentes que superam estereótipos relacionados à idade e à feminilidade. A artista critica, assim, a dinâmica do etarismo ao instigar nosso olhar sobre o que entendemos pelo envelhecer feminino. Mirta, em seus trabalhos, traz por meio do uso de materiais diversos, representações que transitam entre paisagens e silhuetas humanas, em elaborações oníricas das questões que permeiam sua pesquisa em psicanálise e na arte. A partir de interrogações pessoais e sociais, suas imagens evocam questões e mistérios da vida e da existência humana. Enquanto Paula Boechat se utiliza do abstrato a partir do gestual e dos fluxos de pinceladas densas, formando espécies de imagens performativas em telas de grandes formatos. A visceralidade em suas obras atuais rememoram sua passagem pela linguagem da performance no circuito carioca e internacional no início dos anos 2000.
Saiba mais sobre cada artista
Daniela Santa Cruz (1974, Brasil)
Desenvolve seu trabalho no Rio de Janeiro. Sua formação artística é fortemente baseada na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e nesse caminho foi formando seu olhar estudando o trabalho dos expressionistas abstratos do pós-guerra e acompanhando a produção de artistas brasileiros, em especial Luiz Aquila, Carlos Vergara e Tomie Ohtake. Artista abstrata que utiliza todas as tintas e outros meios como papel, areia, cola, gesso e água, seu trabalho e sua paleta de cores resultam dos diversos ambientes aos quais é exposta, especialmente o nordeste da sua família, sendo esse seu principal campo de estudo.
Contato: http://www.danielasantacruz.com.br/trabalhos
“Somos mulheres, à primeira vista, com características bem parecidas. Contudo, um segundo olhar deixa clara a heterogeneidade das nossas vivências e nossa exposição reflete essas múltiplas mulheres“.
Karin Cagy (1972, Brasil)
Artista visual e estilista, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Procedente de famílias de imigrantes fugidos da segunda guerra mundial, suas ancestrais eram mulheres fortes e determinantes. A todo momento seu trabalho revisita a insubmissão, a tradição latino-judaico-cristã com humor permeando o urbano tão contemporâneo e ao mesmo tempo ainda retrógrado. Frequentou cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage/RJ, onde estudou com Astréa El Jaick, Gianguido Bonfanti, Charles Watson, Luiz Ernesto e Bruno Miguel. A artista foi figura presente na cena clubber carioca dos anos 90, o que influenciou seus conceitos e opiniões por toda sua trajetória.
Contato: https://www.instagram.com/karincagy/
“Desde pequenas aprendemos a competir entre nós, mas com elas tenho vivido uma experiência muito generosa de troca e incentivo”.
MIRTA (1952 – Uruguaia de nascimento, Brasileira de nacionalidade – RS)
Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Estudou aquarela com Alberto Kaplan nos anos 90 e desenho e pintura no Parque Lage por 8 anos. Atualmente faz curso prático de pintura com Prof. Luís Ernesto, na mesma Escola. Participa de Seminários de Arte e Psicanálise há 5 anos. Teve trabalho projetado no QG Festival no Rio e Fortaleza, em 2020, durante a pandemia. Em 2021 apresentou seu percurso Psicanalista/artista e seus trabalhos no Seminário “Invenções na Clínica e na Cultura contemporâneas-lições de Lacan”, da Escola Brasileira de Psicanálise-Seção Rio. Em 2022 foi selecionada para a residência Uberbau_house 2022, São Paulo-SP.
Contato: www.mirtafernandes.com
“Um encontro feminino inesperado…novos laços e produções… uma aposta na vida”.
Paula Boechat (1976, Rio de Janeiro)
Vive e trabalha entre Rio de Janeiro e Recife. Estudou desenho e pintura na Universidade da Califórnia, frequentou a Escola de Artes do Parque Lage e se formou em desenho industrial. Frequentou também a lÉcole des Beaux Arts em Paris onde residiu por 3 anos. Em 2000, ganhou o “Prêmio Rio Jovem Artista” da RIOARTE. Na mesma época conheceu Gabriela Moraes, com quem formou a dupla PaulaGabriela. A dupla explorava a perda da identidade no mundo contemporâneo, suas conexões e desconexões, através de fotografias, performances e instalações. Participaram de mostras como a Bienal de Liverpool, MAM RJ e SP, Instituto Tomie Othake e CCBB RJ. Em 2004 ganharam o prêmio do XI Salão da Bahia e em 2006 foram selecionadas pelo prêmio Marcantonio Vilaça.
Contato: https://www.instagram.com/paulaboechat_studio
“Para mim, o trabalho de arte só acontece na troca, é tão ou mais importante o processo do que a obra em si, a pintura é um enigma pois nunca sabemos o resultado final, é sempre difícil saber quando está pronta, isso cria uma certa angústia, e ter com quem trocar é muito enriquecedor”.
Sobre a curadora
Luana Aguiar é artista, pesquisadora e curadora independente. É mestre e doutoranda em Linguagens Visuais pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes da UFRJ, com pesquisa voltada à performance, ao sagrado e aos feminismos. Entre 2016 e 2018 foi professora substituta do departamento de história e teoria da arte da mesma instituição. Foi ainda curadora do projeto “Flexões Performáticas: gênero, número e grau”, no CCBB/SP (2018-2019) e co-curadora do projeto “Arte como trabalho: estratégia de sobrevivência” (2021 e 2022). Colabora como parecerista da revista Arte&Ensaios; participou de projetos da revista Caju e colabora como co-editora e designer da revista Teteia.org.
Contato: www.instagram.com/luaguiar.ar
Serviço
“Quarteta”
Curadoria: Luana Aguiar
Abertura: 1º de dezembro, quinta-feira, das 16h às 22h
Visitação com horário marcado: de 2 de dezembro de 2022 a 5 de janeiro de 2023
Telefone para marcação: 21 99175-0104
Horário: de segunda a sexta, das 12h às 18h
Encerramento com finissage: dia 5 de janeiro, às 18h
Local: Estúdio Ipê
Informações à imprensa: BriefCom Assessoria de Comunicação/Bia Sampaio: +55 21 98181-8351/biasampaio@briefcom.com.br/@briefcomcomunicacao